Até o Google desistiu

Até o Google desistiu

EDITORIAL

Estamos tão habituados com a vida digital que nos esquecemos como eram as coisas antigamente, por exemplo, na época dos joguinhos eletrônicos. Hoje em dia o mercado de games é gigantesco, e existem pessoas que sobrevivem desta atividade, seja jogando, seja programando, mas nem sempre foi assim. Já viveram neste planeta alienígenas como o Atari, mas avancemos um pouco mais até os consoles da Nintendo. Há pouco mais de 20 anos, o Super Mário fez enorme sucesso entre as crianças, que disputavam com seus pais algumas horas de distração. E para elas, “zerar” um joguinho sempre foi muito mais fácil, ou seja, cumprir todas as etapas que eram propostas com suas respectivas armadilhas. Porque no caso da Nintendo não havia “pegadinhas”, ou seja, uma fase que fosse intransponível. Não é o que acontece, por exemplo, com a Justiça Eleitoral do Brasil. O Google anunciou ontem que a partir de primeiro de maio os impulsionamentos para fins de propaganda política estarão suspensos na plataforma, e sabem o porquê? Segundo reportagem de O Globo, “a resolução 23.732, que altera as regras sobre propaganda eleitoral aprovadas pela Justiça Eleitoral em 2019, traz uma definição de conteúdo político-eleitoral considerada ampla demais” pelo Google. Segundo a reportagem, para o TSE, “esse tipo de propaganda é toda aquela que versar sobre eleições, partidos políticos, federações e coligações, cargos eletivos, pessoas detentoras de cargos eletivos, pessoas candidatas, propostas de governo, projetos de lei, exercício do direito ao voto e de outros direitos políticos ou matérias relacionadas ao processo eleitoral”. A Justiça Eleitoral exige que as plataformas digitais que oferecerem esse tipo de serviço de impulsionamento de conteúdo eleitoral precisam manter um repositório dos anúncios “para acompanhamento, em tempo real, do conteúdo, dos valores, dos responsáveis pelo pagamento e das características dos grupos populacionais que compõem a audiência (perfilamento) da publicidade contratada”. Ou seja, a resolução do TSE foi feita para não ser compreendida; assim, ninguém faz publicidade paga. Os joguinhos são mais honestos, porque deixam a gente passar de fase. O TSE, não.

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