Visibilidade Trans: aos retrocessos na terra do Tio Sam, seremos resistência
Isabelly Carvalho é vereadora
em Limeira pelo Partido
dos Trabalhadores (PT)
O Dia da Visibilidade Trans, celebrado nesta quarta-feira, 29 de janeiro, é um marco significativo na luta por direitos, respeito e reconhecimento das pessoas transgênero no Brasil e no mundo. Instituída em 2004, a data nasceu para dar visibilidade às demandas e conquistas dessa população, além de conscientizar a sociedade sobre os desafios que essas pessoas enfrentam diariamente. Ela também é um chamado à ação, para que avancemos na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.
Apesar dos avanços conquistados, como o direito à retificação de nome e gênero em documentos e o reconhecimento legal das identidades de gênero, ainda há muito a ser feito. O Brasil, tragicamente, lidera as estatísticas de violência contra pessoas trans. Assassinatos, agressões físicas e discriminação cotidiana são realidades que não podem ser ignoradas. Essa violência não é apenas física, mas também simbólica, manifesta na exclusão de espaços educacionais, profissionais e de saúde.
A marginalização social da população trans resulta em altos índices de desemprego e dificuldades econômicas. Além disso, o acesso a serviços de saúde, mesmo no Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece atendimento especializado, ainda é limitado e enfrenta barreiras estruturais e preconceitos institucionais. Essa exclusão também é reforçada pela representação inadequada nas mídias e nos espaços de poder, onde estereótipos prejudiciais dificultam ainda mais a inclusão.
Educação é um pilar essencial para reverter esse cenário. Aprender sobre as realidades das pessoas trans, seus desafios e contribuições, é um passo fundamental para reduzir preconceitos. Gestos simples, como chamar as pessoas pelos nomes e pronomes corretos, são poderosos sinais de respeito e reconhecimento. Além disso, é essencial não compactuar com atitudes discriminatórias e denunciá-las sempre que possível. Cada ação individual contribui para um movimento coletivo em direção à igualdade.
Enquanto lutamos por esses avanços no Brasil, assistimos com preocupação aos retrocessos nos Estados Unidos, especialmente sob o governo Trump, que se mostrou desumano ao apagar direitos conquistados pela população trans. Entre as primeiras medidas de sua administração, estiveram ordens executivas que retiraram pessoas trans do exército e das escolas, além de determinações que obrigaram mulheres trans a cumprir penas em prisões masculinas. Há ainda a política de exclusão em esportes, reduzindo gêneros a uma visão binária restritiva. Essas ações são um retrocesso alarmante e destacam como os direitos das pessoas trans ainda são vulneráveis a mudanças políticas e ideológicas.
Promover a visibilidade trans é reafirmar que todas as pessoas têm direito a existir plenamente, com dignidade, respeito e liberdade. Uma sociedade que acolhe a diversidade é mais justa, mais humana e mais rica. O Dia da Visibilidade Trans nos lembra que essa é uma luta de todos e todas. Ao valorizarmos as diferenças, construímos um mundo onde ninguém seja deixado para trás. Afinal, a visibilidade é o primeiro passo para alcançar a igualdade.