Violência silenciosa

Violência silenciosa

EDITORIAL

Depois que o rosa passou a representar o mês de conscientização para exames de prevenção ao câncer de mama e colo de útero, aumentou exponencialmente a adoção de cores como marcas de campanhas. E o interessante – e curioso – é que tanto o governo federal como os estados podem livremente associar o que pretendem fazer a uma delas. Nessa paleta estão o vermelho, o amarelo, o verde e agora vem o lilás, tratando da conscientização sobre a violência contra os idosos. Aparentemente há até uma data, dia 15 de junho, que marca oficialmente essa proposta, e existe uma curiosidade sobre isso. Quem fizer uma pesquisa pela internet encontrará dezenas de iniciativas – e seus respectivos selos de apresentação – propostas por municípios e associações de classe. Ganha um quentão na quermesse da Catedral quem responder certo: Limeira está entre essas cidades? Pode buscar o tíquete na redação da Tribuna quem cravou na resposta “não”, como em regra acontece com outras cores. O tema deste mês, como os demais, é importantíssimo e como o assunto daria um livro, e não uma pequena reflexão, me concentrarei em algo muito simples: a falta de vergonha. Sim, décadas atrás o significado de “vergonha” era atribuído a quem fizesse algo condenável do ponto de vista moral. Por isso estão desaparecendo, paulatinamente, anedotas que envolviam negros, gays, obesos, portugueses e… idosos. A popularização das redes sociais contribuiu bastante para isso, pois as pessoas que cometem esses deslizes recebem uma enxurrada de críticas – algumas até gostam. Mas, voltando ao assunto principal, um filho que apresentasse notas baixas na escola tinha vergonha de apresentar o resultado aos pais. A menina que mentia, dizendo que iria dormir na casa de uma amiga para ficar com o namorado, também sentia isso se fosse descoberta, e agora pergunto: alguém sente vergonha de repreender um idoso quando ele comete algum erro no trânsito ou demora no caixa do supermercado? Muito da intolerância que emergiu da polarização política contribui para isso e pensar no idoso “descartável”, tanto na família como no mercado de trabalho, é algo que a sociedade deve combater. Com gestos, palavras e atitudes. O avanço da idade proporciona, não a todos, infelizmente, uma definitiva oportunidade de regozijo, que não deve admitir interferências preconceituosas.

Roberto Lucato

 

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