Verde ou Maduro?

Verde ou Maduro?

EDITORIAL

O conceito de democracia, segundo o presidente Lula, é relativo. Porém, do ponto de vista organizacional de um estado, é concreto, ou seja, ele se fundamenta em algumas premissas, menos ou mais relevantes. A liberdade talvez seja a maior delas, embora seja muito abrangente. Liberdade pode significar o livre direito de opinar, de se deslocar, de receber a contrapartida do Estado nas áreas de saúde e educação, e por aí vai. A democracia, também, preconiza o exercício do comando desse mesmo Estado através de pessoas escolhidas pelo voto livre, individual e secreto. Sejam em que condições, de como funciona o sufrágio universal, direto ou por representatividade, é o povo que determina quem o governará, e por quanto tempo. A reviravolta que acontece desde domingo nos Estados Unidos, retirando um candidato de uma condição confortável e favorável, é formidável, porque demonstra que não existe uma única opção, uma única saída. Porém, em sentido oposto aos regimes democráticos, as ditaduras nascem pela fraqueza dos próprios comandantes, por negligenciarem a uma regra elementar para a sobrevivência de um sistema de governo: a alternância do poder. O destino econômico e social das nações submetidas ao jugo do totalitarismo leva ao fracasso total. Cuba, que efervesceu depois da revolução, foi comandada por décadas por Fidel Castro, protegido pelos interesses soviéticos devido a proximidade da ilha com a Flórida, nos Estados Unidos. A própria América do Sul, entre as décadas de 1960 e 1970, quedou-se ao autoritarismo militar pelo mesmo motivo, em sentido oposto, e luta até hoje para consolidar suas recentes democracias. A Venezuela, aparentemente, é um caso para ser estudado. País beneficiado pelas cotações do petróleo durante vários anos, perdeu sua principal liderança política, Hugo Chaves, e devido à fragilidade do sistema caiu nas mãos de um sucessor inescrupuloso. Que sucateou as indústrias incluindo as petrolíferas e semeou a miséria. Saturados de tamanha opressão e de condições econômicas incrivelmente desfavoráveis, os venezuelanos estão há vários anos tentando sobreviver em outros países, inclusive no Brasil. Os que permaneceram, aparentemente, terão a chance de colocar um basta nesta situação neste final de semana, se de fato ocorrem eleições limpas que retirem do poder Nicolás Maduro. A comunidade internacional estará atenta, mas tudo é possível para um presidente que chegou a anexar um país ao seu. Agora é aguardar. E torcer.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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