Verdades, mentiras, mas quem fiscaliza os golpes?
EDITORIAL
O governo federal, dizem os matutinos, prepara nova empreitada para responsabilizar as plataformas digitais sobre fatos nelas divulgados. Vale lembrar, apoiadores do presidente Lula já perderam o primeiro round quando a proposta de regulamentação das chamadas “fake News” foi preterida pelos deputados. A tarefa não será fácil e era esperadas, especialmente pelo declarado alinhamento das big techs ao presidente Donald Trump, declarado durante a cerimônia de posse. O ponto central, de novo, gira em torno do que seja uma “mentira” ou uma “notícia falsa”; o novo projeto tornaria solidário o responsável pela plataforma na divulgação de um fato inexistente, e quanto a uma opinião? Quando a Receita Federal anunciou que as transações via PIX seriam monitoradas, a sensação dos brasileiros foi que o governo preparava mais uma forma de cobrar impostos, que o tem caracterizado. Isso seria uma mentira? Se alguém dissesse que o “presidente Lula prepara mais uma armadilha fiscal” também? Porém, deixando de lado esse cansativo debate entre verdades e mentiras, há uma outra questão que envolve as plataformas digitais ainda pouco discutida: a identificação de golpistas. A cada segundo, do dia ou da noite, o Instagram, por exemplo, recepciona e divulga inúmeros conteúdos publicitários. Muitos dos quais, com o famigerado “clique aqui”. O problema é que, com o uso da inteligência artificial, essas propagandas são, na maioria das vezes, perfeitas, porém, enganosas. Já existem estatísticas de quanto os golpistas digitais retiram dos bolsos dos brasileiros, sem que existam canais rápidos e efetivos para divulgação desses fatos delituosos, sequer para ressarcimento. Obviamente o governo está mais preocupado com os reflexos políticos do que dizem as redes, mas é importante levar em consideração o quanto estamos expostos a toda a sorte de golpes. É bom lembrar que, para evitá-los, não basta apenas “ter cuidado”; criar mecanismos de rastreabilidade desses estelionatários parece mais importante do que arbitrar o que seja opinião ou não. Afinal, além de cidadãos, somos consumidores.
Roberto Lucato