Veículo e jornalista: quem é mais? (final)

Veículo e jornalista: quem é mais? (final)

Tentávamos responder, no editorial de ontem, a uma pergunta bem simples: quem é mais importante, o veículo ou o jornalista? Concluímos a primeira parte do comentário citando o exemplo do grupo Jovem Pan, que apostou na contratação de celebridades da internet e na defesa do governo Jair Bolsonaro. Os dois aparentes acertos, porém, se transformaram em enormes equívocos. No mínimo, problemas malconduzidos. Na semana passada, circularam notícias que diretores da emissora aumentaram a frequência de viagens à Brasília, nitidamente com o interesse de reaproximação com o governo federal. A Jovem Pan, que até o final do ano passado possuía uma respeitável equipe de jornalistas em suas bancadas, se livrou de todos no estalar de dedos, temendo retaliações e processos. Esses profissionais, no entanto, imediatamente estrearam seus próprios canais nas redes e aumentaram suas participações na revista Oeste. O sucesso foi imediato e estrondoso, respondendo em parte nossa pergunta inicial. Depois disso, de tanto garimpar em busca de comentaristas mais voltados ao centro, e não à extrema direita, e emissora encontrou um advogado e professor de direito, que se tornaria, em pouquíssimo tempo, a sua maior referência. Tiago Pavinatto, também militante, membro e defensor das causas LGBT, passou a ser onipresente na programação. Nos finais de semana, quando estava de folga, dava seus pitacos, bem como no Pânico, líder de audiência. Durante as tardes, ele apresentava o Linha de Frente a era comentarista do Pingos nos Ís, outra liderança na programação. Mesmo com todos esses predicados, teve seu contrato rescindido por se negar fazer uma retratação a pedido da emissora, sobre críticas dirigidas a um desembargador. Tomando o mesmo rumo dos jornalistas mais antigos, estreou o seu “Trema nos Us” na internet, e “de cara”, com 100 mil visualizações simultâneas. Seu canal contava, antes de ser demitido, com 250 mil seguidores, número que passou para 500 mil em dois dias. Claro que os veículos continuam sendo maiores que os jornalistas, mas hoje, acrescentaria: “nem tanto” e “com ressalvas”.

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