Vacina contra o HPV previne câncer do colo do útero

Vacina contra o HPV previne câncer do colo do útero

Vírus ainda pode provocar muitos tipos e, entre eles, o de vulva e vagina, de pênis, anal, boca e garganta

Antonio Claudio Bontorim
LIMEIRA
claudio.bontorim@tribunadelimeira.com.br

A importância das campanhas de vacinação e da prevenção contra doenças graves estão em vários países da Europa e também na Oceania. Na Holanda e Noruega, por exemplo, o câncer de colo do útero em mulheres foi praticamente erradicado, com as campanhas de imunização contra o HPV (Papiloma Vírus Humano), para crianças entre nove e 14 anos e, na Austrália, a incidência do HPV caiu para apenas 1% da população e também está prestes a erradicar o câncer de colo de útero. No Brasil, a primeira rodada de vacinação foi em 2014, nas escolas de todo o país, com 100% de cobertura na primeira dose. “Quando voltou aos postos, para o complemento da dose esse número caiu drasticamente”, afirmou o Ministério da Saúde.
Até 2018, por exemplo, apenas 48,7% do público alvo havia completado o ciclo de vacinação, em duas doses, um pouco mais da metade do que estabelece o Ministério da Saúde, cuja meta é atingir 80% desse público. Há, porém, uma grande resistência de muitos pais, que são levados por informações falsas a acreditar que a vacina iniciaria a vida sexual dos filhos mais cedo. Mais uma vez a ignorância vem em primeiro lugar e a prevenção e a erradicação de doenças esbarram até mesmo na crença religiosa. Volta à tona a falta de educação sexual, que ainda é vista como tabu entre muitas famílias, inclusive propagadas pela religião. Seja ela qual for.
São muitos os tipos de cânceres provocados pelo HPV, mas os que podem ser prevenidos pela vacinação, como os de colo de útero, de vulva e vagina, entre as mulheres, de pênis, entre os homens, anal e de boca e garganta, entre ambos os sexos, justamente causados pela atividade sexual. Daí, também, a importância desse tipo de educação nas escolas, pois o público alvo está dentro delas.

BAIXA COBERTURA
Limeira, como mostra a Secretaria da Saúde, tem baixíssima cobertura da vacina contra o HPV. Apenas 19,2% do público alvo, conforme explicou a pasta à Tribuna de Limeira. De acordo com a secretaria, hoje o município tem a vacina contra o HPV em todas as salas de vacinação, e os plantões para multivacinação contemplam, também, a vacina contra o HPV, cuja faixa etária está entre nove e 14 anos, para meninos e meninas. No ano passado, foram aplicadas a primeira dose em 2.023 jovens, sendo que para a segunda, que é o reforço, foram apenas 1.639 doses aplicadas, num total de 4.451.
Apesar do baixo índice, a Secretaria de Saúde afirma que promove campanhas anualmente para alertar sobre a necessidade de vacinação e disponibiliza a vacina contra HPV nos pontos de vacinação do município e durante os plantões como forma de ampliar o acesso e incentivar a imunização. “Como as doenças causadas pelo HPV não são de notificação compulsória, portanto, a Secretaria de Saúde e o COL (Centro de Oncologia de Limeira) da Santa Casa não dispõem de números de pacientes com os tipo de cânceres provocados pelo HPV”, informou a pasta, após ser questionada pela Tribuna.
Já em relação à queda na imunização contra o HPV, conforme o Ministério da Saúde e especialistas em imunologia, epidemiologia e saúde, mesmo com o aumento nos números, entre 2018 e 2023, as causas para isso e essa dificuldade relatada podem ser diversas. Uma delas, por exemplo, é a percepção enganosa de parte da população de que não é preciso se vacinar, pois as doenças desapareceram. “Contudo, essas razões ainda não foram quantificadas ou estudadas de maneira aprofundada e de qualquer maneira, a Secretaria de Saúde segue com campanhas de incentivo à vacinação e a disponibilização dos imunizantes em diversas unidades e nos plantões de vacinação aos sábados”, finalizou a pasta.

Em cinco anos, imunização cresce 42%

Segundo o Ministério da Saúde, em 2023, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV. O número é o maior desde 2018 (5,1 milhões) e representa um aumento de 42% em relação a 2022, quando foram aplicadas pouco mais de quatro milhões de doses. “Essa retomada é fruto do esforço de estados e municípios que se juntaram ao Ministério da Saúde no Movimento Nacional pela Vacinação, revertendo a tendência de queda nas coberturas dos principais imunizantes do calendário definido pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações).
Hoje, o grupo prioritário, de acordo com o Ministério, também inclui pessoas com imunocomprometimento, vítimas de violência sexual e outras condições específicas, conforme disposição do PNI, podendo receber a vacina até os 45 anos. Além disso, a nota técnica recomenda que os estados e municípios realizem busca ativa para garantir que jovens brasileiros de até 19 anos tenham acesso à vacina contra o HPV. “Nesses casos, poderão receber o esquema em dose única todas as pessoas dentro dessa faixa etária que não receberam uma ou duas doses do imunizante no período recomendado”, lembrou a nota do ministério.
Com isso, o Brasil se junta a 37 países que já adotaram o esquema de dose única, seguindo recomendações internacionais e buscando resultados positivos na proteção da população contra o vírus HPV, finalizou o Ministério da Saúde. No Brasil, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres, de acordo com o Inca (Instituto Nacional do Câncer). No último relatório, de março de 2023, o Inca afirmou que, excluídos os tumores de pele não melanoma, o câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre mulheres. “Para cada ano do triênio 2023-2025 foram estimados 17.010 casos novos, o que representa uma taxa bruta de incidência de 15,38 casos a cada 100 mil mulheres. (Antonio Claudio Bontorim)

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