Um longo caminho pela frente

Um longo caminho pela frente

EDITORIAL

Não se mede a dimensão de uma catástrofe pelo número de vítimas, tampouco pelos números previstos para a recuperação de uma área afetada. Catástrofes, em qualquer parte do mundo, são acima de tudo comoventes, nos fazem refletir e deixam os corações apertados, e assim estão os brasileiros há mais de uma semana, recebendo uma sucessão de más notícias que vem do sul do país. Comparativamente a outras regiões do planeta, o Brasil sempre foi menos suscetível aos chamados eventos extremos, incluindo terremotos, os mais comuns e avassaladores. Porém, em relação ao excesso de chuvas, é perturbador saber que um estado duramente afetado há pouco mais de um ano, não tenha encontrado soluções que pudessem ao menos estar em andamento. É fato, a excepcionalidade dos números pluviométricos indica que dificilmente o pior seria evitado, mas os novos “recordes” impõe a partir de agora um sentido de urgência ainda maior. E, entre as várias informações passadas na cobertura jornalística, dois fatos chamaram muito a atenção. O primeiro, o que disse um professor ligado aos estudos climáticos. Segundo ele, a engenharia leva em consideração projeções que possam alcançar mil anos; nas enchentes do Rio Grande do Sul, bastou um quarto de século para que fossem atingidas. O segundo: o apelo feito pelo governador Eduardo Leite não se concentrou apenas na reparação dos estragos por ele listados, mas na superação excepcional dos entraves da burocracia para a liberação de recursos. Hoje, o noticiário dá conta que o governo federal decretou calamidade pública em 336 municípios gaúchos, o que facilitará neste ponto, mas a pandemia mostrou o quanto as “facilitações” podem ser um convite ao prazer, neste caso, de desvios. Nossa solidariedade aos irmãos gaúchos, diante de uma reconstrução inevitável mas que, sem dúvida, tornará este povo ainda mais forte e unido.

Compartilhar esta postagem