Um censo pouco explicado

Um censo pouco explicado

EDITORIAL
Uma nota sem maior destaque foi oferecida pela pasta de comunicação da prefeitura de Limeira, aliás, entre tantas dos últimos dias. Diz o texto: “O Ceprosom, por meio do setor de Vigilância Socioassistencial e de Proteção Social Especial, inicia amanhã (3) o Censo da População de Rua 2023. O objetivo é identificar e mapear o número de pessoas em situação de rua em Limeira. Até o dia 31, equipes do Centro POP, do Centro de Acolhida e da Casa de Convivência irão aplicar um questionário, idealizado com base em referências do Governo Federal e na literatura voltada ao tema. Como forma de preparar os profissionais para realizar o Censo, foram realizados dois treinamentos no mês passado. O primeiro, abordou os aspectos teóricos sobre as pessoas em situação de rua, como conceitos e legislação. Já o segundo, envolveu o conhecimento prático necessário à aplicação do questionário, que ocorrerá por meio de um aplicativo digital, denominado Kobo Toolbox”. Segue a nota: “Os resultados desse trabalho serão incorporados à série histórica do Censo da População de Rua, nos anos de 2018, 2019, 2021 e 2022. No ano passado, por exemplo, foram identificadas 160 pessoas. Segundo a equipe de Vigilância Socioassistencial do Ceprosom, as informações do Censo contribuem para a formulação e implementação mais eficiente e assertiva da política pública municipal voltada a essas pessoas”. Fiz questão de registrar o texto na íntegra porque é intrigante o seguinte: em nenhum momento a prefeitura esclarece o que será feito com esses dados, tampouco esclarece como foram atendidas, se é que foram, as 160 pessoas já identificadas. Também não oferece uma definição plausível para o que seja “morador de rua”; se é o malabarista do semáforo, o vendedor de balas, se é aquele que dorme nas imediações da Luciano Esteves ou da Dr. Trajano, e se existem moradores de rua longe da região central. Como sempre, a comunicação deficiente abre as portas da imaginação, permitindo-nos acreditar que trata-se apenas de uma contagem, nada mais. Lamentável.

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