Tudo o que sobe, desce
Uma das mais conhecidas canções de Beth Carvalho recebe o nome de “1.800 Colinas”. Deve ser por conta das informações de bastidores, obtidas ontem, que me lembrei dela. É que a sambista, com a sua irresistível voz, incluía na letra, por conta própria, o “desci” no refrão. Era assim: “subi, (depois desci), mais de 1.800 colinas; não vi, nem a sombra de quem eu desejo encontrar”. Juntemos as pontas. Por duas vezes, esta semana, participei de solenidades prestigiadas por vereadores locais, obviamente liderados pelo presidente da Câmara, Everton Ferreira. E tanto no anúncio da nova faculdade de medicina de Limeira, como na reinauguração da praça de esportes João Ferraz, seus pronunciamentos foram tão apagados como era a sua própria imagem. Deve ser difícil para um presidente do Legislativo não ser reconhecido em meio a tantas pessoas, mas talvez este fato, a ele, seja o menos importante. Perguntei, então, a um vereador próximo, quais eram os motivos se tamanha exibição de arrogância e autoritarismo. A resposta foi imediata: “Estamos desapontados, e olha que me avisaram, o pior é isso; trabalhei muito para a eleição do Everton e suas atitudes são inexplicáveis. Acho que o cargo subiu à cabeça; alguns colegas estão querendo enquadrá-lo, e isso deve ocorrer em breve”, concluiu. De fato, muitas são pessoas revelam o que verdadeiramente são depois de investidas em alguns cargos, e Everton está neste grupo. Porque política se constrói com apoios, populares e internos, mas possuir uma caneta nas mãos constrói tentações. Dar ordens, ser paparicado por servidores públicos e participar de cerimônias ao lado do prefeito são novidades que, sim, enebriaram o até então insignificante vereador. E esta foi a sensação que tive – e a reforço – desde a nossa primeira audiência, realizada na Câmara, há pouco mais de dois meses. Ao contrário de semear, ele está cavando uma enorme vala em seu entorno, e tomara não seja a última alternativa que lhe reste: saltar nela. Tudo que sobe, ensinava Beth Carvalho, desce.