Solidão é fatal na política
EDITORIAL
Tudo leva a crer que a prefeitura de Limeira vive, desde o final do ano passado, uma grave situação financeira. Ainda em outubro, questionada sobre o corte de alguns investimentos, a vice-prefeita Érika Tank alegou desconhecer o fato, porque “nem tudo” é passado para ela. Há duas semanas, a mesma pergunta foi-lhe endereçada, e desta vez sua resposta parece ter sido cortada também, pela crise talvez. Por isso quanto a notícia que sua pré-candidatura estaria quase oficializada, há mais motivos para desconfiança que para crença. Érika desde sempre foi uma figura decorativa do Edifício Prada, desprezada por seu superior imediato e pela maioria dos secretários. Ela vive seu mundo político dentro de uma solidão imerecida; afinal, é filha de uma das mais tradicionais políticas da cidade, mas, ao contrário da mãe, não consegue se fazer ouvir. Segundo o que ela disse, certa vez, é que não tem um grupo político de sustentação, o que explica em parte este vazio de poder. Aliás, nossa prefeitura parece sequestrada por um grupo que pouco se dá ao trabalho de esclarecer qualquer coisa. Na semana passada, ao pontuar esse tema com um vereador, ele resumiu da seguinte forma: “é uma administração que não se importa com nada, não explica nada e não fala com ninguém”. Assim é fácil e, se a questão financeira for mesmo grave como parece, quem se habilite a comandar o Paço Municipal Dr. Waldemar Mattos Silveira pegará uma prefeitura quebrada. O atual mandatário, entretanto, que parece confiar demais em sua capacidade de transferência de votos para qualquer poste, nada teme, mas se arrisca a não ter suas contas aprovadas em 2025, o que pode lhe trazer problemas em sua eventual decisão de disputar a câmara federal. Claro, em caso de vitória de seus opositores especialmente na Câmara Municipal. Em resumo, Érika pode estar tentada a confiar em um grupo que não a quer, exceto como um Plano D. Não terá recursos, apoiadores e, à exemplo do que acontece hoje em dia, sequer satisfação de seus superiores. Será o triste fim de sua carreira política porque a solidão, nesta área, é fatal.
Roberto Lucato
Ilustração: Freepik