Simplesmente Ana

Simplesmente Ana

Ponto Um

 

Quando se tornaram públicas as primeiras denúncias feitas pela apresentadora e ex-modelo Ana Hickmann contra o seu marido, lembro-me de ter incluído em comentário feito no Farol de Limeira, as palavras “coragem” e “exemplo”. No primeiro caso, porque sua exposição gratuita poderia, em alguma medida, ser menos impactante, embora uma agressão física tenha sido registrada. Sua coragem em expor não apenas a discussão, como as providências que tinha tomado foram dignas de alguém que se dá ao devido respeito. Quanto ao exemplo, Ana demonstrou que não apenas as mulheres pobres e suburbanas, como estereotipadas na maioria das vezes, sofrem seus perrengues. Mulheres brancas e ricas estão, igualmente, em linha com os riscos de agressão, submissão e humilhação. Naquela época, reforçando este conceito extremamente positivo, minha esposa acentuou, na medida que novas descobertas – como fraudes financeiras – vinham à tona, como ela era uma pessoa humana e sensível, que não merecia estar vivendo tudo aquilo. O tempo passou, novos episódios ganharam suas devidas projeções, e algo inusitado não apenas comprovou aquilo que havia imaginado como incluiu, entre os predicados desta  mulher, o seu senso de humanidade. Por uma coincidência do destino, durante o carnaval, estávamos em uma ilha nas imediações de Paraty quando uma moça esguia e bem vestida chegou de uma embarcação. Minha esposa Márcia falou imediatamente: “É a Ana Hickmann! Vou falar com ela!”. Não era uma tietagem, simplesmente. No encontro, prontamente atendido pela estrela, Márcia pode falar sobre sua filha Fabiana, colega de trabalho de Ana na TV Record. Ao regressar, com os olhos marejados, ela me disse: “Não falei que ela era uma pessoa acima do normal? Ela falou da “Fabi”, de seus próximos projetos, veja a foto que ela mesma tirou de nós!”. Depois de algum tempo, Ana foi com seu filho banhar-se na prainha onde estávamos e, pouco tempo depois, recolheu seus pertences e novamente foi ao encontro da Márcia para se despedir, oportunidade em que fomos apresentados. Tiramos uma selfie e depois ela partiu até um pequeno bote que estava à sua espera. Fiquei o resto do dia refletindo sobre o que distingue pessoas famosas, que talvez não precisem de mais ninguém, de quem se considera como tal e dispensa quem não lhe seja útil? Berço? Criação? Religiosidade? Educação? As características que o dinheiro não pode comprar são, de fato, bens inestimáveis de quem os possua. E esses traços, cada vez mais raros, trazem alguma esperança para o futuro da humanidade.  

Roberto Lucato

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