Senso&Consenso
Rugidos e miados, entre leões e gatinhos!
Antonio Claudio Bontorim
JORNALISTA
claudio.bontorim@tribunadelimeira.com.br
A entrada dos EUA na guerra contra o Irã pode se tornar mais um grande mico para o governo norte-americano. É apenas uma opinião pessoal, mas não descartável.
Parece que o país tem memória curta e não consegue se lembrar das guerras do Iraque, entre março de 2003 e dezembro de 2011; no Afeganistão, entre 2001 e 2021 e, principalmente, no Vietnam, uma das mais longas, de 1955 a 1975, quando os soldados da maior potência militar do mundo saíram corridos de lá, perdendo o combate para um país minúsculo, mas que tinha táticas estratégicas de guerrilha. Isso antes de matarem, estuprarem e torturarem muitos inocentes, mulheres, meninas e crianças vietnamitas.
Só para lembrar, quatro presidentes norte-americanos passaram pelo conflito, Dwight D. Eisenhower, John F. Kennedy, Lyndon B. Johnson e Richard Nixon, sendo Johnson o que mais intensificou a presença americana naquele país. Uma história que já está disponível para quem quiser ler e conhece-la e a seus motivos.
No Iraque, entre 2003 e 2001, derrubaram o ditador Sadam Houssein, destruíram monumentos tombados pelo patrimônio da humanidade, saquearam e o ato mais expressivo foi a derrubada da estátua do ditador na praça de Bagdá e, posteriormente, a morte de um idoso, decadente e cansado guerreiro. No Afeganistão, depois de 20 anos, tiraram suas tropas do país e devolveram o Estado Afegão ao Talibã, milícia fundamentalista, que ainda se mira na leitura equivocada do Corão. Uma catástrofe humanitária, levando-se em conta que as mulheres afegãs perderam sua total liberdade.
Já na guerra do Golfo, entre os anos de 1990 e 1991, uma força liderada pelos Estados Unidos – mais uma – entrou para “libertar” o Kuwait, da invasão de tropas iraquianas. Foi, em princípio, uma das ou a primeira guerra a ser transmitida ao vivo, para o mundo, através da CNN norte-americana, quando ainda era uma emissora independente de ingerências políticas.
A transmissão das primeiras 16 horas do conflito, ao vivo, deu grande fama ao repórter Peter Arnett, direto de Bagdá, a capital iraquiana. O único jornalista in loco e ao vivo, naquele período. Arnett também cobriu a guerra no Vietnã, entre 1962 e 1965 e, em 1966 ganhou o Prêmio Pulitzer, pela cobertura.
O fato, desprezado pela maioria da mídia internacional, durante os dois anos de conflito, foi que o interesse norte-americano estava apenas no petróleo e não na restauração da soberania do Kuwait. Assim como em todas as guerras em que os EUA entram e posam como vitorioso.
Menos, é lógico, a do Vietnam, que impôs muitos dissabores do governo dos EUA no período, que com o passar dos anos enfrentou manifestações pesadas da juventude do país e de políticos, que percebiam a aniquilação de soldados norte-americanos, a maioria jovem e inexperiente, mandado para lá como contingente militar. Quando não aguentou mais capitulou e trouxe o que sobrou de volta. Mas o pesadelo daquela guerra ainda insufla a memória de todos no país.
Donald Trump, o novo “senhor da guerra”, agora quebra todos os paradigmas da Constituição Federal de sua própria Nação e com decisões sem consultas ao parlamento, age de forma brutalista e doutrinária no sentido de estabelecer-se como um rei; um imperador tirano, minando a até agora “maior democracia do mundo”.
Até quando suas bravatas e suas aparições feito um bufão doido vão durar, não se sabe. Ou se vai aumentar o tom de suas falas e ameaças. Como e quando tudo isso vai acabar também não é sabido. Mas ele agora ruge como um leão. Veremos como será seu rugido, quando começar a colher os frutos de sua arrogância e intolerância.
Por aqui tivemos, também, um leão de praças e avenidas, que rugiu forte e bravateou como presidente da Republica, mas que agora, quando percebe que as onças estão bebendo água, derruba sua juba, mia como um gatinho e pede desculpas públicas a quem, logo mais, será o responsável para indicar o caminho de sua jaula. A proporção da comparação, apesar de extrema, não nos deixa de levar a pensar que, quanto mais alto é o rugido, mais frágil e inocente será o miado!