Senso&Consenso
Como é triste passar vergonha alheia…
Antonio Claudio Bontorim
Jornalista
“Não vai falar mal de vereador aqui dentro, não!”, bradou o vereador Sidney Pascotto, o Lemão da Jeová Rafá (PSC). “Dá voz de prisão para ele”, esbravejou o outro, Anderson Pereira (PSDB). “Prende ele, vereadora, prende ele”, completou o terceiro parlamentar, Ninton Santos (Republicanos). Tudo isso por que um cidadão, ao se utilizar da Tribuna Livre, na sessão ordinária da Câmara da última segunda-feira, 21, resolver criticar os nobres representantes dos legislativos. Os nobres edis, como eram tratados nos tempos do ontem.
Todos os três que se manifestaram, coincidentemente, pertencem à bancada da bíblia, têm atitudes homofóbicas repetidas vezes. E, agora, racismo? Tudo por que um cidadão negro, Hamilton Fernando de Melo, ao fazer uso da Tribuna Livre para falar sobre o programa Bom Prato Móvel, resolveu dar uma lição ao parlamento limeirense, afirmando que a população não estava feliz com os rumos que a política local vinha tomando. E com muita razão e consciência, afirmou que muitos vereadores estavam se acostumando com o poder, esquecendo-se de suas atribuições primordiais.
Estava errado Hamilton? Não, com certeza não e tinha todo o direito à crítica, ante a empáfia dos três parlamentares que, ao primeiro sinal de que estariam na mira das palavras de um cidadão comum, negro e de bom discurso, resolveram “melar” a quarta e última Tribuna Livre do dia, aos gritos. Aos berros de bezerros desmamados e com ameaças de mandar prender um popular. Ora, a Tribuna Livre é uma tribuna livre e para isso foi criada. Para dar voz a quem não tem, mas que tem sabedoria o suficiente para usá-la. Já os vereadores deveriam dar exemplo e respeito.
Se não gostam de ser criticados e sempre tentam ganhar no grito, então que se retirassem do recinto e deixassem o homem falar. Depois, no decorrer da sessão, teriam tempo para se defender e tentar provar o contrário. O que de fato, jamais conseguiriam, por que seus atos indicam que se acostumaram mesmo ao poder e estão despreparados ao exercício da democracia. Lemão já mandou o público calar a boca; Anderson, não respeita a diversidade e, Nilton Santos, acha que é a Bíblia que conduz a política.
A encenação dos três edis foi rápida. A vereadora Isabelly Carvalho (PT), que presidia a sessão naquele momento e sempre está na mira de Lemão e Anderson, resolveu interromper os trabalhos, corretamente. A USTL (União Sindical dos Trabalhadores de Limeira) emitiu nota pública repudiando veementemente o que fizeram os três. O OSB Brasil Limeira, também enviou duro ofício ao presidente, o vereador Everton Ferreira (PSD). Ele tem obrigação de abrir os microfones para Hamilton de Melo. Aos três inadequados políticos, esparadrapo na boca!
Uso os termos da USTL: “aqueles que não estão dispostos ao contraditório não estão aptos para a política”.