Senso&Consenso: Números positivos; números preocupantes

Senso&Consenso: Números positivos; números preocupantes

Antonio Claudio Bontorim
Jornalista

Um dado muito interessante sobre o mais recente relatório da Secretaria Municipal de Saúde, em torno d os casos de Covid-19 registrados em Limeira: apenas 18 no período de um mês. Dados positivos, digam-se, levando-se em consideração que as aglomerações voltaram, as máscaras deixaram de ser usadas e o número de pessoas que buscam a vacinação caiu bastante. E esse é o dado negativo.
Em 30 dias Limeira registrou apenas 18 casos confirmados da doença. Duas mortes, uma de uma mulher de pouco mais de 50 anos e outra, um idoso, ambos com comorbidades e com doses de vacina. Nenhuma internação nos hospitais do município. Mas o dado mais expressivo, entretanto, é no que diz respeito ao número de pessoas imunizadas. Quase 800 mil doses das várias vacinas disponíveis já foram aplicadas no município, o que é, com certeza, um dos fatores para essa queda.
No total, foram, 779.603 doses. Mas há uma preocupação a ser levada em consideração. Das 276.450 mil primeiras doses aplicadas em Limeira, 245.518 pessoas voltaram a tomar a segunda dose, mostrando que 30.932 pessoas não voltaram para completar a imunização e, com certeza, nem mesmo para os devidos reforços.
E esses números vão caindo assustadoramente nas doses adicionais dos reforços, que foram sendo determinadas pelo Ministério da Saúde, o que significa que muita gente está fazendo as contas erradas, achando que apenas uma dose inicial é o suficiente, o que não é verdade, uma vez que as duas últimas mortes, do atual relatório, indicam três e duas doses da vacina aplicadas, ou seja, estavam com a imunização completa, porém apenas uma com um primeiro reforço. A vacina, é bom que tenhamos consciência, reduz os sintomas, mas não evitam as doenças. E uma pessoa com comorbidade está, de fato, mais vulnerável.
Espera-se, entretanto, que as pessoas não desistam e percebam a importância da vacinação. Não é por que diminuíram os casos, que se pode relaxar, achando que tudo está resolvido. Temos o exemplo do retorno do sarampo, que era considerado erradicado no Brasil, mas que voltou por que as pessoas deixaram de se vacinar. Os pais deixaram de levar os filhos aos postos, para dar sequência ao calendário nacional de imunização.
E outras doenças que dispõem de vacina também podem ser reintroduzidas na população. A poliomielite é uma delas. Tudo pelo baixo índice de imunização que vem sendo registrado nos últimos anos. Tudo por que tem muito pai deixando de fazer o dever de casa. Está na hora de acordarmos para isso.
Como escrevi no início deste texto, ao mesmo tempo em que são números expressivos, do ponto de vista positivo, são também preocupantes quando analisados pelo lado negativo. Expressam o abandono de uma tradição que o país sempre teve e que o tornou exemplo mundial: o seu sistema de vacinação, que atingia os objetivos. É preciso dar um basta ao negacionismo à ciência, estimulado durante o arremedo de governo Jair Bolsonaro, e voltar à prática que salvou muita gente. E não permitir que doenças já erradicadas do país assumam o protagonismo novamente.
Negar o óbvio é negar a própria existência!

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