Senso & Consenso
A mídia, o mundo político e uma legião de aduladores
Antonio Claudio Bontorim
Jornalista
LIMEIRA
claudio.bontorim@tribunadelimeira.com.br
Se não me falha a memória – e anda falhando muito ultimamente – deixei de frequentar as coletivas na sala de reuniões do Gabinete do Prefeito, a partir do final do segundo ou início do terceiro ano do segundo mandato de Mario Botion (PSD). Quando percebi que os jornalistas, os poucos que ainda iam à coletiva, não tinham mais lugar para se acomodar com a devida decência, para o exercício de sua profissão.
Em especial jornalistas de veículos impressos, que muitos acreditam que já morreu na face da Terra, mas ainda vive. Capengando, às vezes – ideológica e financeiramente, em boa parte dos casos – mas ainda sobrevive.
Certa feita cheguei para me acomodar à mesa e já não existia mais lugar, todos ocupados por vereadores e muitos celulares e seus tripés, de sites e até emissoras de rádio. E as demais cadeiras tomadas pelos tradicionais “puxa-sacos” de plantão, ou os mais atrelados ao devido órgão do alcaide.
Foi desse dia em diante que me dei conta que não era mais uma coletiva de imprensa, mas sim um “puxadinho” para acomodar (o termo se adequa à expressão utilizado no parágrafo anterior) bajuladores. Agora, o sinônimo mais chique.
E parece que não foi diferente, agora, com a coletiva dos 100 dias do atual prefeito, Murilo Félix (Podemos), na quinta-feira, 10. Não fui e também não perdi nada. Ganhei, sim, a paz de não ter que elevar meus nervos à flor da pele.
Mesmo porque, em minha coluna Fora de Expediente, também da quinta-feira, 10, havia citado o que entendia qual seria o ponto nevrálgico a ser citado pelo atual gestor, que iria centralizar sua fala nas dívidas. Na situação financeira da Prefeitura de Limeira.
Acertei em cheio e o resto foi só perfumaria.
Mais uma vez a mesa central estava tomada pelos conhecidos de sempre. Vereadores, secretários e os “esticadores” do plantão atual. Para quem não entendeu o termo, vale lembrar que esticadores são aqueles que puxam. O resto que cada um faça o próprio juízo!
A coletiva de imprensa, ora a coletiva de imprensa. O termo, que se refere a um coletivo, nesse caso de jornalistas, pois o nome é bem claro, essa teria sido dispensável.
Afinal das contas, 100 dias é um número simbólico. E, cá entre nós, é tempo curto demais!