Privatizações, sempre polêmicas

Privatizações, sempre polêmicas

EDITORIAL

As chamadas “ondas eleitorais” podem até desafiar a lógica, mas que existem, existem. O governador Tarcísio de Freitas é fruto de uma delas, e colocou um ponto e vírgula na longeva administração tucana do Estado. Beneficiado pela inabilidade política de João Dória, que deixou de administrar São Paulo para construir um trampolim que o catapultasse a Brasília, o ex-ministro de Jair Bolsonaro caiu nas graças do conservadorismo do Interior e passou a habitar o Palácio dos Bandeirantes. Sua primeira missão, contudo, estaria longe da Capital, e aconteceria no Litoral Norte do estado, região castigada por uma enorme concentração de chuvas. Sem pensar duas vezes, ele transferiu seu gabinete para São Sebastião, colocou um colete da Defesa Civil e passou a administrar a tragédia in loco. Este gesto de solidariedade parece tê-lo diferenciado do padrinho, que perdeu inúmeras chances de fazer algo semelhante, mas faltava ao “tocador de obras” superar o que seria seu ponto fraco: o baixo traquejo político. Sua relação com a Assembleia Legislativa de São Paulo, em função disso, não é sólida, e mesmo assim ele manteve sua agenda de privatizações em pauta. Os mares aparentemente tranquilos, porém, ficaram agitados com a crise energética na Capital, mais especialmente com a incompetência gerencial de uma concessionária… privada. O episódio, nitidamente, foi explorado como merecia pela oposição ao seu governo, e foi apenas o primeiro soco em seu fígado, vindo agora o segundo. Entidades sindicais ligadas ao funcionalismo estadual paralisam São Paulo nesta terça-feira, como crianças mimadas de um berçário à espera de chupetas. A greve estabelecida, principalmente no transporte público, não reivindica nada, exceto o fim do processo de privatizações. O governador deveria ter aprendido, lá atrás, que é uma tarefa difícil. A própria Petrobrás, saqueada como foi, sequer ficou ameaçada disso, e agora Tarcísio terá que conviver com esse novo impasse: enfrentar ou aguardar um momento mais adequado para tratar deste assunto, longe de ser uma prioridade, convenhamos.

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