Poupa Tempo merece reavaliação

EDITORIAL

Na última sexta-feira o comentário trilhou pela filosofia petista de manutenção das estatais, algo que em diversos segmentos não contribui na melhora de eficiência e, na prática, serve como um armário repleto de cabines de emprego. Entretanto, o Estado detém inúmeros serviços públicos cuja execução lhe pertence, e ingressamos agora no tema de hoje. Quando instalado em São Paulo, o Poupa Tempo trouxe ares de modernidade. A primeira vez que utilizei este serviço, faz muitos anos, em Rio Claro – Limeira ainda não possuía uma agência – fiquei surpreso por inúmeros aspectos. O primeiro, que o ambiente não tinha cara, nem jeito, de repartição público. Tudo era moderno, incluindo os equipamentos e mobiliário, e os funcionários, todos uniformizados, trabalhavam como músicos de uma orquestra. Na semana passada tive que voltar ao órgão em nossa cidade. Primeiro, errei o prédio, pois não me lembrei que ele estava agora em outro shopping, às margens da Anhanguera, e não mais da Limeira-Piracicaba. Depois, ao chegar, as surpresas se sucederam, inicialmente com a formação de uma pequena fila para a retirada de senhas. Não havia lugares especiais para idosos, gestantes e cadeirantes, e o único rapaz tentava transmitir orientações. Ao entrar, não havia um recinto sem filas e pessoas aguardando, sentadas e em pé. O número de funcionários era gigantesco, mas ninguém parecia interessado em atender, mas sim almoçar – a hora que fui. Será que é tão humilhante olhar para um ser humano e dizer-lhe: há algo que eu possa fazer? Pode ter sido apenas uma impressão ruim, mas o Poupa Tempo deveria continuar como exceção do serviço público, normalmente ruim por falta de bons espaços e pessoal para trabalhar. Caso contrário, que os gestores destes serviços sejam mais bem avaliados e cobrados, porque de gente mal-humorada e despreocupada com o próximo, a população está farta. Qualquer dia volto no assunto, para falar dos cartórios em nossa cidade. Está dando medo.