Ponto Um – Feriado diferente

Ponto Um – Feriado diferente

Não me lembro que meu aniversário tenha caído em um “Corpus Christie” nas últimas décadas. Desta forma, me tornarei um sexagenário exatamente em um feriado, e como minhas chances de virar um septuagenário são mínimas, melhor registrar algumas sensações, agora. Vamos ao lado bom primeiro. Chegar a essa idade com a saúde relativamente em dia oferece um enorme benefício, nos dá alguma autonomia; portanto, aos mais jovens, as dicas sobre atividade física regular e alimentação modesta são importantes. Completar o sexto ciclo trabalhando também não é um mau negócio, ainda que não veja a hora de poder diminuir o ritmo. Desejaria aplicar este tempo não ao travesseiro, mas ao fechamento de algumas pontas soltas, como me livrar de alguns cadernos, livros, fitas, discos e equipamentos sem mais serventia, algo que ninguém compreenderá porque os guardei até hoje – o que será, neste caso, o amanhã. É bacana chegar a essa idade, da mesma forma, observando tudo o que fizemos, incluindo nesse pacote erros e acertos, para não cedermos à tentação de cometer as mesmas falhas – não haverá tempo de recuperação. Finalmente, acho legal que não tenha me cansado de cozinhar, pois é uma das poucas atividades – senão a única – que executo com prazer. Sério. De preparar uma simples salada ou uma surpresa para minha esposa, acabo me divertindo. Vamos agora aos mitos e verdades, começando pelos primeiros. Ninguém se transforma em “idoso” porque chegou ao sessenta, porque percebo que se trata de uma escolha pessoal. Se quiser envelhecer por dentro e por fora, vá em frente, mas se trata de uma opção. Outro ponto. Esqueça essa bobagem que nesta idade as pessoas lhe respeitarão mais. Proteja-se, isso sim, e tente não “impor” a sua experiência porque ninguém dará a mínima. Mais um. É bobagem acreditar que aos sessenta ganhamos uma espécie de salvo-conduto para dizer tudo o que pensamos. Ao contrário, dizer o que realmente queremos pode trazer profundos embaraços. Vamos ao lado ruim, agora. Nesta altura da vida é que, lamentavelmente, compreendemos como é curta a nossa existência, o que nos torna mais saudosos de tempos que não voltam mais – o antídoto é saber os vivemos. Também é frustrante descobrir quanta atenção demos às pessoas chatas e insossas, as quais por sorte desaparecem com o tempo. Agora, o melhor momento: agradecer pelos pais que eu tive, os irmãos que seguem comigo e a família maravilhosa que consegui constituir, tendo o amor com seu alicerce. O que realmente importou.

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