Ponto Um
Animais superiores?
Do ponto de vista histórico e, em alguma medida, filosófico, o Direito sempre investigou o interesse da humanidade para estabelecer pactos de convivência. O Código de Hamurabi, por exemplo, talvez seja um dos mais antigos sistemas de organização humana, inscrito em pedras imensas há quase dois mil anos antes de Cristo. Quase meio milênio mais tarde, aproximadamente em 1.300 a.C., Moisés teria recebido os 10 mandamentos diretamente das mãos de Deus no monte Sinai, também na Mesopotâmia. Quando Jesus Cristo veio ao mundo terreno, os romanos já conviviam com seu regramento social há 500 anos, o que não O impediu de oferecer, através de parábolas, instruções de convívio. Quatro séculos mais tarde, o profeta Maomé, durante 23 aos, recebeu instruções divinas e assim criou o Corão, dando origem ao islamismo, uma das mais praticadas religiões do mundo. Se excluirmos as particularidades da milenar cultura chinesa destes recortes históricos, temos que, de fato, a região que circunda o estado de Israel, não apenas foi o berço da humanidade como, no entorno de Jerusalém, nasceram os principais códigos de conduta utilizados até hoje, respeitadas as devidas proporções. Mas eles não possuem apenas uma região territorial em comum, mas prezam o direito à existência. Em nenhum momento, em nenhuma linha, a vida é tratada com desprezo ou desconsiderada. Por isso, com o devido respeito às pessoas que defendem as mais variadas causas, dos animais ao meio-ambiente, estamos diante de uma das maiores comprovações que o ser humano é um projeto que, até agora, não deu certo. Talvez porque, aparentemente, nos diferenciamos no reino animal pela capacidade de pensar, mas isso é uma meia verdade. Porque, se o pensamento abriu fronteiras e criou soluções tecnológicas para facilitar e prolongar a existência, que mundo é esse com suas próprias regras? Que senso de humanidade é esse que degola crianças e asfixia idosos? Estaríamos nós diante de um novo Período das Trevas? Sinceramente estava preparado, como em todas as semanas, para registrar inspirações neste singelo espaço, mas não há como fechar os olhos a essa face ainda presente na humanidade. Um momento de reconhecer a derrota do amor e a vitória da força, ou, dos sentimentos que nos igualam aos mais instáveis e perigosos bichos do mato. Quantas gerações serão necessárias, ainda, para que a fragilidade da vida esteja acima de qualquer interesse? Infelizmente, não viveremos para tanto, ou talvez o contrário.