Ponto Um

Ponto Um

A verdadeira liberdade

Circula pelo Instagram um recorte muito interessante tendo como protagonista o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. Como se estivesse à luz de uma fogueira, ele faz conceituações sobre a vida, interesses, conceituações e objetivos. Porém, quando ele traça um paralelo para explicar sua ideia de liberdade, sua colocação foi brilhante: “você é realmente livre quando pode fazer aquilo que gosta, que lhe dá sentido; viver acumulando bens e riqueza não alimenta a mente, nem a alma”. Mujica, para lembrar, continua morando em seu sítio, dirigindo de vez em quando seu Fusca azul, e trocou os holofotes do poder por uma vida simples. Não me lembro tê-lo visto de terno e gravata, sequer esbravejando em pronunciamentos, e assim ele representa uma “esquerda raiz”, ideologicamente empática. Mujica poderia ser um bom conselheiro à esquerda caviar de Lula, mas vamos ao que interessa. Horas depois do anúncio da tragédia que envolveu exploradores do Titanic, surgiu um artigo criticando o fascínio imposto pelo cinema a este transatlântico, enquanto outros, de menor brilho, seguem no anonimato. Mais tarde ouvi outra saraivada sobre o questionável interesse na exploração de cenários mórbidos e em seguida, ironias sobre o quanto os bilionários não sabem fazer com suas fortunas para se divertir. Antes do fechamento do noticiário, mais críticas, desta vez contra os países que lançaram missões de resgate a custos extraordinários. Um comentarista chegou a dizer que, enquanto isso, Nova Iorque não consegue contratar salva-vidas porque oferece baixos salários. A análise mais interessante, porém, foi a mais óbvia: o progresso cobra seus próprios preços, incluindo vidas. “Quantos não morreram tentando voar, correndo com super velozes, ou explorando o espaço?”. O Titanic repousa em paz, e que os exploradores tenham o mesmo destino, mas, voltando ao personagem uruguaio. Liberdade é fazer o que desejamos, e não exatamente o que precisamos. Muitas vezes tomamos decisões automáticas ao longo da vida, dentro do que entendemos como necessário. Fazemos sempre as mesmas coisas e raramente o que gostamos, seja porque desagradaremos alguém, ou porque não temos a coragem necessária para dizer “não”. Ou, ao contrário, “por que não?”. As vítimas da implosão não estavam atrás de tesouros; elas apenas se guiaram pela liberdade de fazer o que gostariam. Que essa busca, proposta por Mujica, possa nos inspirar antes que seja tarde.    

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