Pesquisa, de novo, erram

Pesquisa, de novo, erram

EDITORIAL

Um ponto que chamou a atenção sobre o resultado do primeiro turno das eleições da Argentina, e que não foi tocado por analistas da “imprensa amiga”, vamos dizer assim, foi o fragoroso erro dos institutos de pesquisa, alguns deles apontando uma possível vitória de Javier Milei no primeiro turno. Isso é gravíssimo pelas circunstâncias sobre as quais se deu o primeiro turno “porteño”, incluindo o que pensavam e diziam suas principais forças. Pois havia um claro antagonismo entre Sergio Massa e Javier Milei, enquanto Patrícia Bullrich, como se esperava, era a opção da chamada “terceira via”; a influência das pesquisas foi devastadora para “el loco”. Por que? Na semana passada, fazíamos uma comparação entre Milei e Tiririca do ponto de vista caricato. O comediante chagou à Brasília porque “pior não fica”, porém, ficou claro que muitos argentinos pensaram duas vezes ao se depararem com essa possibilidade. Ou seja, de entregar o país a alguém que, se fizesse tudo o que prometeu, poderia jogá-lo ainda mais nas trevas. E esses eleitores, por cautela, e talvez com melhor identificação com a esquerda ou ao peronismo, disseram “não” ao “Macrismo” de Patrícia, à serra elétrica de Milei e optaram por deixar as coisas como estão. Porque Massa, é bom lembrar, é simplesmente o ministro da Economia de uma país em chamas. É como se os brasileiros, ao final do governo Lula, decidissem levar Haddad ao segundo turno mesmo sendo ele responsável por calibrar uma inflação de 120% ao ano. Portanto, como aconteceu recentemente no Brasil, os institutos de pesquisa pintam e bordam sem qualquer punição, erram feio aqui e lá fora, interferindo no processo eleitoral naquilo que é sua essência: a livre escolha do eleitor, por opção, e não por indicação de pesquisas.

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