O tempo

EDITORIAL

Devemos concordar com o fato que o “tempo voa”? Sempre acreditei que existem tantas variáveis para essa dúvida que, qualquer que seja a resposta, estará certa. No futebol, para um time que está perdendo, os últimos cinco minutos de jogo passam rápido demais; para quem está ganhando, demoram. Um tratorista, por exemplo, que logo cedo liga na roça para colher uma plantação com alguns hectares, no final de um longo dia terá feito apenas parte do trabalho. Para um aposentado que já trabalhou o suficiente e gosta de se distrair jogando cartas ou dominó com os amigos, um dia é extremamente longo. E observem que interessante: a duração de um dia é democrática. Vale para o presidente dos Estados Unidos, para um plantonista, um médico, até mesmo para um açougueiro. E quanto à dimensão dos anos? Os mais jovens são mais rápidos. Conseguem encaixar várias atividades para desenvolvê-las em alguns meses enquanto, ao contrário, os mais velhos aprenderam que a pressa não interfere no tempo, só o encurta. Mas uma coisa é certa: há tempo para tudo. Incluindo o que dizem as escrituras, o tempo para plantar e o tempo para colher. Educar filhos é meio assim. Os pais vão plantando conceitos ao longo de uma jornada que, quando menos se percebe, isso dá frutos. Essa “adubação intelectual”, que começa cedo, quando menos esperamos é capaz de transferir capacidades; sim, ela impõe responsabilidade, mas as ferramentas transferidas ao longo de anos são suficientes para o manejo da vida. E manejar a vida é criar o seu próprio futuro com aquilo que se aprende fora de casa, mas fundamentalmente dentro dela. Por isso quando os filhos saem dos seus ninhos, eles deixam, por algum tempo, o coração de seus pais inquietos, ante a dúvida se foram capazes de contribuir para a construção de bons seres humanos. De pessoas que sabem perfeitamente os valores que devem manter e de como devem ser fundamentadas suas escolhas. Seja na avaliação de riscos, seja na definição de metas, tudo o que se posa planejar tem a ver com isso: a calibragem no plantio inicial. Felizes aqueles que realizam essa missão com sucesso, de bem educar seus filhos, para a vida e para o mundo. Presenteados, sempre, com boas surpresas e uma farta colheita.

Roberto Lucato

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