O sentido da vida
Ponto Um
Por sua absoluta subjetividade, jamais haverá uma definição sobre o sentido da vida, exceto aquela que nós mesmos podemos atribuir. Principalmente porque, a partir do momento que nossa existência se amplia, percebemos que as importâncias mudam. Se uma criança, pela lei natural da vida, jamais imagina as transformações às quais estará submetida, os mais velhos experimentam as derradeiras oportunidades de revisarem tudo o que passaram. E, por pior que possa parecer, de ficar frente a frente com suas próprias respostas, a começar da primeira: valeu à pena? “Valer à pena”, creio, significa ter superado os sacrifícios e imprevistos que os dias nos apresentaram, os quais tivemos a chance de transpor, e ainda assim sorrir. Sendo assim, “sentido da vida” talvez seja encontrar espaços de conciliação, áreas de intersecção entre tudo o que sentimos e passamos com maior ou menor intensidade, de bom e de ruim. Do esforço pela sobrevivência ao regozijo de uma brisa no rosto. Dos infernos emocionais aos momentos celestiais, talvez raros, de paz interior. Ah, e não se esqueça de sair bem nas fotos, porque é o que restará de cada um de nós. Pois, definitivamente, é bom lembrar: se há uma coisa que não dominamos, é o futuro. Sequer o próximo dia, e foi isso que impulsionou a popularidade do Oráculo de Delfos, na Grécia Antiga. Há 2.500 anos, o que foi conhecido como “umbigo do mundo”, um ponto perseguido por Zeus como ponto médio da terra, era procurado por reis, nobres e plebeus, todos em busca de conselhos e principalmente previsões. Talvez, muitas delas, incluindo indagações como “quem sou?”, “para onde vou?” e “quando partirei?”. Se cada um de nós, portanto, tem como encontrar seu próprio “sentido da vida”, que tal agirmos com leveza, então? No final da próxima semana, milhões de pessoas passarão pelos cemitérios para homenagear seus entes queridos. E terão a oportunidade de refletir sobre aquilo que nos iguala: a mortalidade. Sem distinção de raça, poder econômico, até da faixa etária. E nos cemitérios estão os restos mortais de todos os tipos humanos: bons e ruins, arrogantes e humildes, malcriados ou serenos. E assim seremos lembrados – ou esquecidos -, exatamente por isso: por tudo o que fizemos, ensinamos e, de novo, por nossas fotografias. Seja, então, o sentido que esteja oferecendo a sua existência, faça valer a pena. Se esforce para que as pessoas, no futuro, saibam que fez a diferença; que tentou transformar os seus em pessoas melhores, para que elas façam o mesmo até que na humanidade o “sentido da vida” seja comum.