O primeiro beijo
Exatamente em 11 de maio, no distante ano de 1957, Francisca e Waldemar “trocaram suas alianças”, como costumava escrever a igualmente saudosa, dona Tininha de Salvo, em suas colunas. Ela estava presente na cerimônia, ao lado do Dr. Arlindo, e usava um bonito chapéu – como exibiam as demais convidadas. Anos mais tarde, em 1963, chegaria ao mundo fruto desta feliz união, e depois meus dois irmãos, Eduardo e Fabiana. Maio, portanto, traz boas recordações para minha família, e antes que ele se encerre, peço licença aos leitores para compartilhar algo muito especial. No último dia 17, bem no meio da semana, convidei minha esposa para um almoço. É que, fazemos as contas, completamos exatamente 39 anos do nosso primeiro beijo e nada melhor que oferecermos uma pausa para reflexões. A Márcia é sempre sorridente, alegre, aguarda que eu a surpreenda, mas, desta vez não “exigiu” um ramalhete ou pequeno vaso de flores, porque não está dando conta de cuidar do que tem recebido ultimamente. Na verdade, foi sua vez de surpreender. No final da tarde, ela me enviou um texto para “avaliação”, no qual substituí apenas uma palavra, confesso, emocionado. Eis a sua redação: “Nem sei exatamente quando nossos olhares se cruzaram pela primeira vez… só sei que tínhamos vinte e poucos anos quando nos conhecemos, talvez 21 ou 22. Só sei que, pelas contas, faz muito tempo que o destino nos ofereceu a sorte desta união. Então, em 17 de maio, comemoramos nosso primeiro beijo, e desde então nosso amor só aumenta a cada dia, mesmo com tantas adversidades e desencontros, sabemos que não foi nada fácil… mas quem disse que seria?! Enfim… é uma longa e linda história, às vezes nem tanto, mas o importante é que não desistimos de nós! Hoje só tenho a agradecer muito a Deus por permitir nosso encontro, agradecer pela família que temos, linda e abençoada. Que nossa história continue sendo contada por nós todos os dias com muito amor e flores, seja em Serra Negra, aqui ou em qualquer lugar onde podemos compartilhar nossos sonhos e comemorar a vida… sempre juntos”. Ela tem toda a razão. Quando jovens, com “21 ou 22 anos”, é difícil estimarmos o quanto teremos pela frente, nem como serão os nossos dias, bons ou “nem tanto assim”, mas há algo muito claro nisso tudo: somente um profundo amor possui a capacidade de revigorar a vida de um casal. Porque torna palpável o quanto é necessário, a este amor, tolerar, relativizar, motivar, surpreender, ajudar e acima de tudo, desconhecer a palavra “fim”. Ao nosso primeiro beijo, um brinde afetuoso.