O preço da incompetência

O preço da incompetência

EDITORIAL

O deputado estadual pelo Rio de Janeiro, Filippe Poubel, foi entrevistado pelo programa Pânico da Jovem Pan na manhã desta quarta-feira, 21. Contando sua interessante trajetória política, o parlamentar se notabiliza pelo interesse em fiscalizar o serviço público, segundo ele, “uma garantia prevista nos artigos 49 da Constituição Federal e 102 da Constituição Estadual carioca”. Abrindo seus comentários, argumentou que a fiscalização é uma maneira de cobrar uma boa prestação de serviço. Entre os exemplos apresentados, Filipe se “cansou” de comparecer em unidades de saúde confrontando o ponto com a presença física do médico: “o ponto estava marcado, mas o profissional, não estava lá”. Em outro comentário, ele se disse surpreso ao constatar a quantidade de espaços destinados à saúde sem alvarás de funcionamento, sequer apresentando autorizações do Corpo de Bombeiros. Encerrado o programa, começa um debate sob a coordenação do promotor e ex-presidente do Procon, Fernando Capez, no qual a primeira matéria a ser analisada registrava os esforços das autoridades brasileiras, liderados pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, para capturar os fugitivos da prisão de segurança máxima de Mossoró. Além de novos ingredientes, como a empresa vencedora da licitação para a manutenção dos presídios estar em nome de um “laranja”, noticiou-se que algumas centenas de agentes federais estão se deslocando agora para o Ceará, estado onde supostamente os bandidos se escondem. O caso é intrigante, entre outras peculiaridades, porque os presos deveriam estar em celas separadas e incomunicáveis, o que não ocorreu, mas voltando ao deputado: a quem caberia fiscalizar um presídio considerado de segurança máxima? Como o jornal O Estado de S. Paulo descobriu, em cinco dias, que o “dono” da empresa de manutenção sequer ouviu falar da empresa, enquanto o Estado dormia? Acrescento: essa operação custará um bom dinheiro ao erário. Justifica-se a “caçada” aos fugitivos, mas por que tamanha pirotecnia? E se eles não forem encontrados em duas semanas, dois meses, um ano, o que vai mudar? O Brasil é cansativo. As atitudes dos governantes são cansativas. Todos queimam nosso dinheiro em busca de seus próprios interesses, enquanto o deputado carioca faz o que pode: denuncia médicos que recebem sem trabalhar. Está certo ele, munido apenas de um pequeno estilingue.

Roberto Lucato

Ilustração: Freepik

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