O perdão

O perdão

Muita gente demora em compreender, e por descuidos generalizados, que o maior significado da Páscoa é a ressurreição, a passagem para uma “nova vida” ou à eternidade. Esse é um fundamento das religiões cristãs, mas para chegar a ele temos que seguir o que conhecemos como “passo a passo” em manuais de instrução. Do ponto de vista religioso, Deus enviou Seu próprio filho ao mundo para salvar a humanidade de seus pecados – perdoar. E desta forma, pela ressurreição no terceiro dia, “avisar” sobre a importância do cumprimento das leis, da terra e do céu. Porque tudo o que liga aqui, é ligado ao Reino de Deus, assim como que tudo que é desligado, também o será. Enquanto entre nós, Jesus Cristo experimentou tudo aquilo que sentimos: dor, alegria, frustração, medo, angústia, desânimo e até raiva. Segundo meu velho e grande amigo padre Valdinei, viver a natureza humana era central neste plano de salvação, possibilitando a Jesus demonstrar aos apóstolos como deveriam pensar e agir. E de tempos em tempos somos atraídos para segmentar todos estes ensinamentos, porque se encaixam perfeitamente nas mais diversas situações de nossa vida cotidiana. Escolho para refletir, desta vez, sobre o perdão, talvez uma das mais nobres – e inteligentes – atitudes que devemos tomar. Não à toa, o perdão foi invocado a Deus na própria cruz, pela ignorância humana sobre suas sucessivas falhas. Cristo pediu que o Pai nos perdoasse porque não sabíamos o que fazer, talvez nem como, nem quando. Soltar Barrabás, por exemplo. Porém, Cristo não se cansava de perdoar, até Judas, seu traidor. O Senhor recomendou que ele fizesse rápido o que tinha de fazer, mesmo sabendo que isso determinaria o seu fim terreno. Cristo também perdoou os apóstolos que dormiram no Getsêmani, perdoou Maria Madalena, o fariseu e até Tomé por suas dúvidas. Portanto, exercer o perdão talvez não seja algo fácil, e por ser difícil não deve nos desanimar. Perdoar também é, em algum sentido, dar a outra face, e no melhor deles promover mudanças naqueles que nos ferem, que nos tratam com desdém ou que não reconhecem nossos esforços. Perdoar, de fato, significa promover uma limpeza nas veias, pelas quais um coração é irrigado após cada respiração. Essa oxigenação rotineira, creia, se não é um combustível, é um catalisador. É um purificador da alma, inclusive, essa alma que pretendemos levar para a eternidade. Costumo aproveitar a semana Santa para intensificar esta prática, de pedir e oferecer perdão. Perdoe-me, e Feliz Páscoa.

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