O imbróglio do PIX
EDITORIAL
Não faz muito tempo o ministro da Economia, Fernando Haddad, teve que se manifestar oficialmente para desmentir, nas redes sociais, que o governo não pretende taxar os pagamentos feitos via PIX, tampouco os proprietários de pets. Ainda não, acrescentaria. E por que tantas pessoas acreditaram em uma notícia como essa? Porque o noticiário dá conta de avisar, com fatos, a intenção do governo em manter a sua gastança desenfreada como bem quer o presidente Lula. A conta é matemática: quem não economiza e não consegue pagar as contas, deve arrumar um outro emprego, conseguir aumento ou fazer um bico. A segunda opção é a escolhida por Haddad, o que explica os sucessivos recordes de arrecadação provenientes da Receita Federal. Sim, em parte porque a economia segue aquecida, mas não devemos nos esquecer que o ministro é implacável e criativo. Alguém se esqueceu da taxação das blusinhas, como foi classificado o imposto de importação de peças de pequenos valores? Como esse muitos foram reativados, recalibrados e a taxação do PIX será uma questão de tempo, ainda que dependa de mudança constitucional, o que sempre é mais difícil – e mais caro – para qualquer governo. Há quem diga que esse pânico momentâneo seja fruto, exclusivamente, da falta de regulação nas redes sociais – tema que trataremos em outro comentário –, mas o fato é que já ouvi, de um comentarista ligado ao setor econômico, que ele só se utiliza de carões de crédito e débito para os seus pagamentos. Não usa PIX e o motivo é a sua desconfiança em relação ao governo, agora e no futuro. Prestadores de serviço, pequenos comerciantes e profissionais autônomos estão de olhos abertos e seria um retrocesso que, por receio da tributação, passassem a exigir dinheiro vivo em troca do que fazem ou vendem. Vale lembrar, O Globo revela em sua manchete que os pagamentos via PIX já diminuíram cerca de 10% depois dessa polêmica. Em resumo, uma notícia falsa só “pega”, de verdade, quando há motivos para desconfiança, e isso o atual governo oferece de sobra.
Roberto Lucato
Ilustração: Agência Brasil