O deserto estatístico de Limeira

O deserto estatístico de Limeira

EDITORIAL

Manifestação feita por um comentarista, dias atrás, foi engraçada e curiosa, durante aquela onda de calor que passamos. Encerrada a reportagem sobre o assunto, na qual foram incluídas algumas estatísticas, ele duvidou dos números, dizendo que os medidores de temperatura não tinham mais do que 300 anos. Há uma certa polêmica histórica em torno de assunto, mas é quase consensual que, com métodos diferentes – incluindo a utilização de vinho tinto –, a invenção dos termômetros e consequentemente das medições remontam à segunda metade do século XVII. Portanto, se alguma reportagem pontuar que “este foi o dia mais quente dos últimos 400 anos”, desconfie. Paralelamente, índices de pluviosidade são mais confiáveis, até porque basta colocar um copinho com uma escala bem-feita e está tudo certo. Mas, voltando aos apontamentos mais corriqueiros, para que servem? Comparar, é claro, e indicar caminhos. Semanas atrás descobriram que uma geleira se movimentava na Antártida, algo que não ocorreu nos últimos 30 anos. Teria a ver com El Niño? Com o velho e conhecimento efeito estufa? Ninguém explica, ao certo, mas vamos aos mitos e verdades, agora. Há muito tempo existe uma lenda urbana dizendo que Limeira seria poupada de tempestades mais robustas devido a existência do Morro Azul. Não sei de onde tiraram essa conclusão, mas só pode ser uma notícia falsa. Ontem, mais uma vez, a cidade foi duramente castigada por alto volume de chuvas e rajadas de vento. Até o momento não foram informados maiores danos na cidade, mas são visíveis. No entorno do Tiro de Guerra algumas árvores tombaram, como nas imediações da Praça João Pompeo, o que exigirá um trabalho extra do serviço de poda e manutenção da concessionária pública. Agora a pergunta: existe alguma estatística sobre isso? As tempestades, em Limeira, estão mais severas? As obras de contenção das águas – as antigas e aquelas em andamento – levaram isso em consideração? Quem inventou o termômetro criou um instrumento de medição e deixou para a ciência fazer o restante. Falta um pouco disso, aqui.

Roberto Lucato

Ilustração Freepik

Compartilhar esta postagem