O comando das máquinas
Por razões de segurança, tentei realizar o cancelamento de um TAG da rede Sem Parar na semana passada. Havia passado experiência semelhante meses atrás, quando buscava o mesmo procedimento para suspender a cobrança do carro do meu filho, feita com regularidade ainda que ele esteja há um ano residindo fora do Brasil – foram mais de trinta dias de intensas batalhas. Honestamente, existem companhias que tornam este procedimento quase inacessível, mas o Sem Parar me parece imbatível. Primeiro porque o consumidor é impedido de fazer o pedido de forma presencial. Depois, porque o menu de atendimento é complexo e quando pensamos que o mesmo foi executado com sucesso, a gravação direciona para algo que não queremos e não oferece outras sugestões, concluindo com o tradicional “agradecemos a sua ligação”. É algo inaceitável e vou avisando: não consegui realizar o cancelamento, optando por fazer uma substituição por um veículo que estava sem uso. As grandes corporações sempre ganham, isso é um fato, porque os consumidores não possuem um arsenal de colaboradores que vivem tendo ideias para burlar a legislação. Mas esse pessoal não aparece na linha de frente: cada vez mais, por razões de custos, também, falamos somente com máquinas, mas neste sentido parece haver uma luz no final do túnel. É que “garantir aos consumidores maior possibilidade de falar com outros humanos em vez de máquinas quando tratarem de serviços regulados como telecomunicações, saúde e aviação” será um dos pontos da agenda prioritária do advogado carioca Wadih Damous, de 67 anos, que está há cinco meses à frente da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), órgão do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Segundo reportagem publicada no jornal O Globo, ele foi taxativo: “ninguém suporta mais falar com máquinas!”. É o que veremos. Damous também prometeu agir com rigor contra empresas de combustíveis que não repassam reduções aos consumidores. Ai seria um milagre completo.