O assustador aumento de acidentes aéreos

O assustador aumento de acidentes aéreos

EDITORIAL

O deslocamento por aeronaves não é algo que atrai a todas as pessoas. Não existem estatísticas sobre isso, mas o fato é que muitos têm medo desse tipo de transporte, incluindo esse redator, e por razões diversas. Talvez um dos mais célebres personagens a declarar isso foi o maestro Tom Jobim, explicando: “o problema que vejo nas aeronaves é que, se elas quebrarem, as oficinas ficam no solo”. Em sentido oposto, um “aéreo” é o sonho de muita gente. Afinal, na maioria das vezes, essa experiência é contaminada por muito glamour, da chegada do aeroporto ao embarque propriamente dito. Mas existe outro componente explorado há muitos anos: proporcionalmente, o número de acidentes aéreos o torna um dos meios de transporte mais seguros, superado por elevadores, talvez. Certo ou não, a questão é curiosa porque, quando mais a tecnologia avança, proporcionando controles mais inteligentes às aeronaves, causa inquietação o número de acidentes aéreos registrados nos últimos meses. Lamentavelmente, estamos nos habituando a acompanhar entrevistas com especialistas do setor que raramente opinam sobre os recentes desastres, com toda a razão. No final do ano, o voo J2-8243 da Azerbaijan Airlines foi abatido antes de cair perto de Aktau, no Cazaquistão, deixando 38 mortos e 29 feridos. Um analista arriscou: “vejo causas externas”. No penúltimo dia do ano, um Boing caiu na Coréia do Sul vitimando 179 das 191 pessoas à bordo e uma semana antes, um empresário paulistano, pilotando a própria aeronave, não conseguiu evitar seu regresso de Canela, no Rio Grande do Sul, com toda a sua família à bordo. Todos morreram e meses antes, vale lembrar, 62 pessoas perderam suas vidas depois de uma aeronave da Voepass simplesmente perdeu sua sustentação e despencou do ar. Em meio desses desastres, somam-se aeronaves de pequeno porte, como aquela que caiu em Ubatuba, até mesmo helicópteros – um deles quase caiu na Rodovia dos Bandeirantes. Agora, juntando-se a essas tristes estatísticas, avião e helicóptero colidem no ar a poucos quilômetros da Casa Branca. Como isso pôde ter acontecido? No Brasil, 148 pessoas perderam suas vidas em 2024, um recorde avaliado pelo Cenipa, mas por que esse meio de transporte tão seguro, como alegam seus aficionados, tem sido tão letal, e que esforços vêm sendo feitos em sentido de minorá-los? Enquanto as dúvidas superam as explicações, o momento exige maiores esforços na segurança aérea.

Roberto Lucato

Ilustração: Arquivo TL

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