Notícias pela metade
EDITORIAL
Gostaria de dedicar os dois próximos comentários à algumas observações feitas recentemente, ao revisitar a Costa Verde fluminense. Na primeira parada, um município distante apenas 80 quilômetros de Ubatuba, último do estado antes da divisa com o Rio de Janeiro. Paraty é conhecida como uma espécie de oásis literário, pois é famosa sua festa anual – a Flip – e principalmente as homenagens que são prestadas a autores nacionais e internacionais. Aliás, uma das pousadas mais charmosas da cidade chama-se Pousada Literária, instalada em enorme terreno na região do Centro Histórico. Os aspectos turísticos serão abordados oportunamente, mas por enquanto observem o quanto existem “notícias” e “Notícias”. Antes de viajar, minha esposa comentou com uma amiga que estaria em Paraty na semana de seu aniversário, e ouviu o seguinte: “Tenha cuidado, viu aquele músico que levou um tiro na cabeça? Lá deve estar violento também”. Ela se referia ao Mingau, baixista do conjunto Ultraje à Rigor, que de fato foi baleado, e que, curiosamente, conhecia bem a região, pois lá mantém uma pousada. Perguntei à recepcionista do local onde ficamos o que teria acontecido, ou se a cidade estava mesmo violenta, porque honestamente não há muitas chances de isso acontecer. Primeiro, porque são poucos os aglomerados urbanos verticais e depois, embora o fluxo de turistas seja permanente, são os pequenos assaltos que podem ocorrer, e não o disparo de um tiro. Mas a fatalidade, segundo minha fonte, ocorreu pelo seguinte. De fato, Mingau conhece bem a região, e conforme as especulações, ele teria ido, mesmo, em busca de entorpecentes. O que deu errado? Mingau e seu amigo foram ao encontro de um conhecido ponto de tráfico, mas usaram um carro diferente e, ao receberem uma solicitação de identificação, não levaram muito à sério e continuaram, sendo assim, confundidos com policiais. Ato contínuo, foram baleados. Em resumo, Paraty continua calma. Do seu modo, linda e pulsante. Amanhã tem mais.