Neymar Jr. inspira volta de famílias ao Limeirão
EDITORIAL
Desde que foi inaugurado oficialmente, em janeiro de 1977, o Limeirão viveu diferentes fases. Depois que Tião Marino fez o primeiro gol no estádio, na partida em que a Inter perdeu por 3 a 2 para o Corinthians, passaram-se dez anos de glórias, cujo apogeu se deu em 1986, com o título estadual da Veterana. Jovens e crianças daquela época foram conduzidas por seus pais frequentemente àquele “gigante de concreto armado” e viram pisar em seu tapete verde inúmeros craques do futebol brasileiro. Incluindo Éder Aleixo, contratado pela Inter em 1985, mesmo ano em que me formei em Piracicaba. Porém, até mesmo o Império Romano teve sua decadência em seus mil anos de história; por que isso não aconteceria com o “Major José Levy Sobrinho”? Nas duas últimas décadas foi isso o que aconteceu, em que pesem os esforços das presidências que ocuparam o último andar do salão principal. Problemas com o gramado, com a iluminação, com as infiltrações nas arquibancadas, nos vestiários e túneis de acesso, o Limeirão viveu períodos de grandes incertezas, mas tudo isso foi esquecido neste histórico domingo, 23 de faveiro. Afinal, era dia de receber um dos maiores craques da história recente do futebol brasileiro, Neymar Júnior. Durante os dias que antecederam ao jogo em que a Inter não apenas foi derrotada pelo Santos, como conheceu mais um rebaixamento em sua história, milhares de crianças tiveram um único objetivo: convencer seus pais a comprarem bilhetes para o jogo. No Recanto do Bego, horas antes do duelo, isso ficou muito claro quando crianças alvoroçadas exibiam, alegres, as camisas do Peixe com o nome do ídolo. Conversando com seus pais, era contagiante a satisfação de todos que, aliás, não torciam exatamente para o alvinegro praiano – dois se revelaram são-paulinos. E, assim como outras centenas na mesma situação, todos tiveram seus esforços recompensados porque o craque disso a que veio, participando diretamente de dois gols e anotando o seu de maneira magistral, no chamado “gol olímpico”. Para os fiéis torcedores da Internacional, presentes ou distantes, o rebaixamento foi apenas o resultado de uma campanha decepcionante nessa temporada. Mas, para a imensa maioria de fãs que presenciaram as peripécias do “Menino Ney”, foi um domingo inesquecível, que trouxe do passado uma época de ouro para Limeira, para os admiradores do futebol em particular, como tive a sorte de viver nessas últimas cinco décadas.
Roberto Lucato
Fotos: Arquivo de torcedores – Márcia Lucato