Namoro e amizade

Namoro e amizade

EDITORIAL

Ao longo da vida conhecemos toda a sorte de pessoas donas de diferenças e semelhanças em relação a nós. Elas também possuem traços de personalidade disfarçados ou marcantes, que incluem objetivos e desejos. Conhecemos também os antissociais ou, ao contrário, gente que não consegue viver só. O Dia dos Namorados, em particular, afeta demais este último grupo, especialmente quando uma eventualidade impõe um momento de solidão. Décadas atrás, terminar um romance às vésperas desta data era impor requintes de crueldade na decisão, ainda que tenha conhecido gente que fazia isso de propósito para fugir das flores e presentes. De todo modo é preciso pontuar algumas coisas que as vezes se confundem ao longo das transformações sociais: afinal, o que se entende por namoro? De tempos em tempos isso muda, porém, não o suficiente para retirar a essência da questão. O namoro é um período extremamente relevante para quem deseja constituir sua própria família e a construção deste modelo é feita conforme e durante essa convivência. Ter apreço por animais domésticos, por fazer atividades físicas, preferir praia ou montanha são apenas características visíveis do casal, mas, creiam, existem decisões mais difíceis que, compartilhadas, causam impactos positivos, por exemplo, ter ou não filhos. Durante o namoro também se observam os modos de uma pessoa, como se dizia lá atras, desde o tom de voz ao comportamento durante refeições e reuniões com amigos. Dificilmente alguém consegue mentir o tempo todo e até eventuais escorregões servem para alguma coisa, por exemplo, para medir a tolerância, o arrependimento e a oferta do perdão. Questiono, contudo, quem acredita que, no casamento, haja a continuidade do namoro. São situações diferentes, que dependem essencialmente da intensidade do que se conhece como cumplicidade. Há homens que se casam e continuam mantendo uma vida de solteiros, frequentando bares e pesqueiros com seus próprios amigos, se esquecendo que as mulheres possuem menos alternativas de liberdade. Neste caso não há certo, nem errado: se isso se manteve no namoro, que se ajustem as partes. Concluindo, quanto maior a cumplicidade, maiores são as chances da longevidade do antigo romance, porque isso não significa a onipresença de ambos. A cumplicidade exige fundamentalmente o amor, que não é simplesmente dar as mãos ao caminhar, e sim construir permanentemente um significado para aquilo que, um dia, se chamou namoro.

Roberto Lucato- Ilustração: Freepik

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