Na Grande Área

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DOIS grandes laterais dizem adeus ao futebol brasileiro neste fim de ano: Fábio Santos e Filipe Luís, com inúmeras semelhanças entre si. A primeira, que foram multicampeões por seus clubes, Corinthians e Flamengo respectivamente. A segunda, e talvez a mais visível, que foram ótimos marcadores, mas acima de tudo excelentes apoiadores. 

 

QUANDO meu filho deu seus primeiros passos no futebol, torcia muito para que escolhesse a lateral direita para jogar. Há mais de vinte anos, quando ele aprendeu a dar seus primeiros chutes, não via ninguém de destaque neste setor, ao contrário do lado esquerdo, no qual resistiam figuras de muito talento. Ele optou pelo comando do ataque. 

 

TALVEZ tenha recibo a influência dos tempos em que jogava futebol de botão, quando colocava Zé Maria, o “super Zé”, no lado direito do tabuleiro. Ele não era exatamente habilidoso, mas cumpria bem o que se espera de um lateral:  era aguerrido, diminuia a distância dos pontas e sabia cruzar na área. Não precisa mais que isso. 

 

E ME pergunto até hoje por que os laterais sumiram, colocando a primeira questão: o futebol é que mudou? Atualmente os treinadores modernos não se fixam apenas em esquemas tradicionais, com três ou quatro zagueiros. Eles preferem que os laterais, principalmente, possam “flutuar” em campo.

 

MARCELO foi bem aproveitado por Fernando Diniz no Fluminense, que apesar de ser um lateral esquerdo de ofício, recebeu essa orientação: “Você tem total liberdade, vai se divertir um pouco”. O craque levou isso tão à sério que não raramente se isolava no setor direito como elemento surpresa. 

 

FAGNER, quando foi convocado para a Copa da Rússia, em 2018, foi criticado, porque não estaria à altura de Daniel Alves, o titular da equipe. Cinco anos depois, ele continuou sendo decisivo para o Corinthians, mesmo integrando um elenco desgastado. Assim, insisto na recomendação aos papais que acompanham os primeiros passos dos filhos no futebol: indiquem a lateral  direita. 

 

E ISSO serve para os treinadores: formem um lateral! Passem a esses garotos instruções de marcação, mas os deixem “flutuar”. Na minha época de jogador, laterais e volantes serviam para dar o primeiro combate ou cobrir os zagueiros. Hoje, um esquema bem treinado permite que os laterais sejam excelentes opções de ataque, desde que os volantes saibam fazer a devida cobertura.

 

CAMPEONATO brasileiro, emocionante como estava, chega em sua reta final meio borocochô. Mérito do Palmeiras, é claro, que demonstrou na prática o que é regularidade. Que não é vencer todas as partidas, nem fazer a “lição de casa” – nunca gostei dessa denominação. É, acima de tudo, absorver os revezes, voltar ao foco e jogar para o treinador, não para a torcida. 

 

POR FALAR nisso, Verdão terá enormes dificuldades em substituir Abel Ferreira, prestes a desembarcar no Catar. Se ele sair, com mais uma medalha no peito, fará bem. Ganhou quase tudo e será, merecidamente, lembrado. Ótimo final de semana, amigos!

Ilustração: Freepik

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