Motociclistas em fúria
O acidente aconteceu a dez metros de onde estava parado, aguardando o sinal verde de um dos semáforos da conhecida rotatória da Taba do Brasil. Estava voltando a Limeira e me dirigia ao centro da cidade quando, impaciente, um grupo de motociclistas começou a avançar o sinal ainda vermelho. O último deste pelotão, talvez entusiasmado com a audácia de seus colegas, não teve dúvidas e tomou a mesma atitude, exatamente quando um ciclista cruzava calmamente na faixa de pedestres. A colisão foi inevitável porque o motociclista praticamente não parou para ver se alguém estava atravessando a avenida – poderia, por exemplo, ser um casal empurrando um carrinho de bebê, ou simplesmente uma criança aflita correndo arás de seus pais. O trânsito começou a fluir lentamente enquanto o motociclista, ao menos, parou para socorrer a vítima, sendo de pronto “escoltado” por outro motoqueiro que, talvez, previsse investidas agressivas contra o causador do acidente. Até o meu destino outras cenas assim se repetiram, felizmente sem colisões, e durante aproximadamente vinte minutos, em meu deslocamento final, as infrações cometidas por dezenas de motociclistas aconteciam sequencialmente: direção perigosa, excesso de velocidade, cruzamento de semáforos fechados e ultrapassagens pela direita. E o curioso é que neste batalhão não se concentravam apenas entregadores de pedidos, com os quais nos habituamos nas ruas, mas toda a sorte de perfis, de casais até mulheres mais ousadas. Ou seja, este movimento está maior do que imaginamos, e contagiando motociclistas que até um tempo atrás dirigiam com prudência. Claro, a pergunta é inevitável: o que vem sendo feito contra pilotos que enfrentam as leis de trânsito e parecem imunes a elas? Medidas educativas? Blitzes frequentes? É algo assustador, que deve ser enfrentado como um problema grave porque expõe vidas em risco, como a daquele humilde ciclista, que deveria estar, somente, voltando do trabalho.