Manifestações dispensáveis e comprometedoras

Manifestações dispensáveis e comprometedoras

Quem fala demais dá bom dia até pra cavalo, não é mesmo? Que o diga o ministro Luis Roberto Barroso, que ofereceu farta munição ao bolsonarismo ao se manifestar sobre o processo eleitoral, o “trabalho” do STF e o que entende sobre democracia. Barroso, desta vez, ao pronunciar-se para outros “manés”, deu a entender que ele e seus pares do Supremo fizeram o que puderam para interromper a trajetória do ex-presidente à bem da “liberdade”. Por sua vez, o STF, com a face ruborizada, tentou emendar o soneto. Vale reproduzir a reportagem publicada pela Agência Brasil: “O Supremo Tribunal Federal (STF) divulgou nesta quinta-feira (13) uma nota à imprensa para esclarecer as declarações do ministro Luís Roberto Barroso, vaiado na abertura do 59° Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Brasília, em sua fala. Segundo a assessoria da Corte, o ministro se referiu ao voto popular ao declarar que a ditadura e o bolsonarismo foram derrotados. “Como se extrai claramente do contexto da fala do ministro Barroso, a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição”, esclarece o Supremo. Na quarta-feira (12), na abertura do congresso, Barroso participou um ato em defesa da democracia e de combate ao discurso de ódio no país. Ele lembrou de sua atuação no movimento estudantil e afirmou que o país derrotou “a ditadura e o bolsonarismo”. No início do discurso, o ministro foi vaiado por um grupo de estudantes que exibiu uma faixa com os dizeres “Barroso inimigo da enfermagem e articulador do golpe de 2016”. Em seguida, ele disse que a manifestação faz parte da democracia e rebateu as acusações. Barroso é relator do caso no Supremo e disse que suspendeu, no ano passado, o pagamento do piso nacional dos enfermeiros para viabilizar os recursos para garantir os repasses”. Não é a primeira vez que Barroso perde o equilíbrio em manifestações públicas. Como já escrevemos várias vezes, julgadores devem ser discretos em suas posições, especialmente quanto à política. Sua manifestação apenas aumenta o corolário de críticas que costumeiramente recebe, mesmo do alto de sua posição. Traz efervescência à confrontação partidária e frustra aqueles que tinham esperança que a Justiça voltasse a usar vendas. Como lição, foi duramente criticado pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, aquele que pode receber – e abrir – procedimentos de impeachment contra ministros do Supremo. Moleque travesso, esse Barroso.

Compartilhar esta postagem