Lua, ainda um desafio
EDITORIAL
Além do vexame da seleção brasileira contra a Alemanha, a Copa de 2014 nos remete a outras lembranças, como torcedores japoneses recolhendo descartáveis por eles usados nos estádios. As imagens foram destacadas talvez para a surpresa destes mesmos torcedores, uma vez que tal hábito deve ser rotineiro no Japão. Assim, eles ofereceram dois traços culturais importantes: disciplina e educação. Mesmo pagando ingressos, eles não se acharam no “direito” de incluir a limpeza no “pacote”, como vemos a todo o instante pelas ruas de qualquer cidade brasileira. O Japão, de fato, tem muito a ensinar, embora tenha cometido um erro de enormes proporções quando escolheu o lado da tirania na segunda Grande Guerra. Mesmo assim, tal como a Alemanha, se reconstruiu em menos de cinquenta anos, figurando hoje entre as cinco maiores economias globais, e segue sua busca no aperfeiçoamento de suas bases tecnológicas, o que já lhe proporcionou inúmeras vantagens entre as nações orientais. Quinta nação a alcançar o solo lunar, a façanha foi obtida depois de alguns fracassos, mesmo que existam riscos sobre a viabilidade do projeto. Como noticiado, a alunissagem japonesa foi perfeita e precisa – a precisão é um grande desafio nestas manobras –, mas algum problema ocorreu com os painéis solares obrigando a agência espacial a desligar os equipamentos para economizar a vida útil das baterias. Especula-se que leve algum tempo para que a luz solar seja captada pela nave, e tomara que a claridade ofereça sobrevida ao projeto. Primeiro porque imagina-se o quanto os japoneses podem retirar de conhecimento desta expedição, e isso é bom para toda a comunidade científica; depois porque os japoneses merecem sucesso. A obstinação deste povo de tradição milenar é inspiradora e, repetindo, é fortemente lastreada na disciplina. Não à toa, jovens imigrantes japoneses radicados no Brasil frequentam os primeiros lugares nas listas de aprovados nas melhores faculdades, e faz tempo. À propósito, vale lembrar que a Coréia do Sul, outra importante nação oriental, ganhou a disputa contra o tempo para se tornar, em poucas décadas, um dos mais prósperos países, investindo pesadamente na educação. Enquanto isso, o Brasil só perde oportunidades, não conseguindo sequer, neste aspecto, consenso entre modelos educacionais. Nossas viagens espaciais, por enquanto, serão feitas apenas por “caronas”, e assim será por muito tempo.
Roberto Lucato
Ilustração: Freepik