Julgamentos modernos

Julgamentos modernos

EDITORIAL

Diversos filmes tiveram como pano de fundo as apurações de um crime. Muitos deles foram além, detalhando como funcionam os tribunais de júri. Todos sabem: nesses casos, membros da sociedade avaliam se o acusado pode ser responsabilizado por um crime contra a vida humana, se os requisitos de culpabilidade são aplicáveis e deixam para o árbitro, o juiz, neste caso, a aplicação da lei em caso de condenação. Com o advento das mídias sociais isso se tornou mais corriqueiro quando as publicações passaram não apenas a ser vistas, mas julgadas. As pessoas perceberam que poderiam, além de registrar momentos de alegria, suas opiniões, a um custo de imagem. Claro, há muito mais o que fazer nas plataformas digitais, como aplicar golpes, vender ilusões ou indicar produtos e serviços, mas voltemos às opiniões. Há uma discussão em curso, devido ao comportamento de Pablo Marçal nas eleições paulistanas, se existe espaço para os chamados “neutros” neste ambiente digital. É evidente que existe, porém, com a mesma influência que tiveram as candidaturas de centro nas últimas eleições presidenciais: nenhuma. “Causar”, nessas plataformas, tem se relacionado com opiniões mais duras, as vezes debochadas e não raramente mentirosas, tudo em busca de uma posição almejada por milhares. E, para esses tipos de manifestações, o “X” se apresentava como o canal de debates. O antigo Twitter, a mídia queridinha dos jornalistas, porém, viu muitos deles abandonarem suas contas, especialmente os progressistas, porque os representantes da direita começaram a impor uma discussão mais forte, assertiva e não raramente agressiva. Naturalmente entre essas pessoas que abandonaram o X estão muitas de bom senso, que não dependem da empresa de Elon Musk para sobreviver, sequer para aparecer e decidiram não perder mais tempo com esses embates. Porém, a postura liberal de Musk jogou mais querosene nessa fogueira, em níveis globais, o que forçou a toga esquerdista a reprimir tal ameaça no Brasil. O empresário ficou 30 milhões de Reais menos rico, mas foi um “investimento”, digamos assim, porque certamente o X reaparece agora com mais força midiática, mesmo que observada mais de perto pelas autoridades censoras. E pior, para os anciões das cortes, como um ambiente ideologicamente mais definido. Portanto, o X fará as vezes de um tribunal do júri com maior frequência; mas, será como tomar banho: a gente só se molha se abrir o chuveiro.

Roberto Lucato

Ilustração:  Freepik

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