Igrejas serão “hotéis”, simples assim?

Igrejas serão “hotéis”, simples assim?

Deus foi apresentado aos povos originários por seus conquistadores, mas é quase certo que eles possuiam suas próprias divindades. No Egito Antigo, os Faraós, iluminados pelo sol, eram seus representantes. Entre os astecas, incas, maias, talvez até hoje os seus descendentes não reconheçam outra “entidade” que representem suas crenças como no passado. Entre os povos asiáticos, em que pese a forte presença dos muçulmanos em suas fronteiras, budismo e induísmo impõe suas doutrinas há séculos, mas é bom lembrar: cada religião, como filosofia de vida, possui seus próprios dogmas, e não necessariamente um deus ou uma deusa. Toco no assunto porque, faz algum tempo, seguramente há mais de um ano, um palestrante antirreligioso elencou, entre suas previsões, que os templos cristãos da Europa se transformariam em qualquer outra coisa, menos em casa de orações. Segundo ele, na medida em que o Estado seja suficientemente organizado para oferece ao povo o retorno dos impostos, de modo a tornar uma vida digna, as necessidades individuais passam a se resumir em pequenos sonhos como viajar, compartilhar momentos felizes e brindar a existência. Sendo assim, a importância da ajuda divina se tornaria cada vez menor devido a exatamente isso: um bom sistema de saúde, empregos com boa remuneração, transporte público eficiente, trânsito humanizado e moradia digna, “apelar” por que, e para quem? Apesar de simplista, o raciocínio tem lá a sua lógica, porque os crentes estão sempre pedindo e agradecendo. Exibindo aquilo que chamam de “fé”, normalmente por dias melhores, pela cura de alguma doença ou simplesmente por estarem vivos. E não é que a visão deste palestrante tinha sentido? Divulga-se agora que na Bélgica, várias igrejas estão se transformando em hotéis, cafés, casas de jogos e até sede de clubes de alpinismo. Com a vertiginosa queda do número de fiéis, os religiosos que administram esses prédios não encontram mais recursos para mantê-los, nem veem necessidade de celebrações dado a ocupação cada vez menor. Sinal dos tempos? Do fim dos tempos? Difícil dizer, mas o fato é que o mundo se transforma muito rapidamente, a cada dia possuímos mais respostas, mais bases concretas para um raciocínio lógico, fazer alguém acreditar em algo não palpável e, até mesmo, de influência abstrata, será um desafio cada vez maior para as religiões.

Compartilhar esta postagem