Gustavo Lima “é” você

Gustavo Lima “é” você

EDITORIAL

Quando Ronaldo Caiado, governador de Goiás, anunciou sua intenção de candidatar-se à presidência em 2026, ele foi seguido por seu colega mineiro Romeu Zema. Em meio a esse burburinho, que ocorreu na abertura do segundo semestre de 2024, provocado, o ex-presidente Jair Bolsonaro ratificou o mesmo desejo, mesmo inelegível por decisão judicial. Uma das explicações para esse fato, oferecidas à época, foi bastante plausível. Bolsonaro deve manter sua posição por uma razão muito simples: o seu desejo de permanecer liderando a direita, mesmo que isso possa custar a reeleição do presidente Lula. Tem lógica. Se ele, desde já, declarar a existência de um substituto para o seu nome, e caso esse indicado se fortaleça e vença as eleições de 2026, ele virará pó. Porque, até 2030, tudo pode acontecer. Portanto, o seu egoísmo prevalece diante de um projeto que deveria ser oferecido aos eleitores e, por consequência, ao país. Bolsonaro não é o primeiro a racionar assim, e nem será o último. Grandes lideranças possuem dificuldade em passar seus bastões políticos mas a questão, neste aspecto em particular, é que as chances de reversão de sua condenação são praticamente inexistentes. E ele, ao contrário de fazer um gesto de grandeza para liderar, como se poderia esperar, uma forte e madura oposição ao presidente Lula, quer que seus apoiadores se alimentem de uma utopia. Pessoas mais alinhadas com a realidade já perceberam isso e algumas, agora, fora da política, começam a bater suas asas também. Causou espanto, nestes primeiros dias de 2025, a manifestação do cantor Gustavo Lima em participar do processo eleitoral, por “estar cansado de ver a população sofrer tanto”. O sertanejo, é bom lembrar, há poucos meses esteve encrencado com a justiça, investigado por sua suspeita participação em casas de apostas, agora declarando, em alto e bom som, que aguarda a visita de algum representante partidário em mansão, claro, para formalizar o convite. Há muitos anos, nos Estados Unidos, Ronald Regan, um ator de mediano talento, venceu as eleições contra Jimmy Carter, falecido há poucos dias; o Brasil, estaria disposto a fazer o mesmo? Enquanto Anitta não se decida para representar a esquerda, em um caso hipotético, o plano de Bolsonaro permanece. A direita seguirá batendo cabeças em busca de um representante enquanto ele, enrolado até o pescoço com problemas mais graves, manterá sua egoísta posição de “plano A” para 2026. Perderá, mais uma vez.

Roberto Lucato

Reprodução: Reprodução Poder 360

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