Governabilidade em apuros
Costumam dizer que, ao iniciarem, novas gestões públicas parecem enormes transatlânticos quando deixam os portos, pois demoram para atingir o mar aberto. Desde janeiro, a administração Lula 3 parece possuir problemas adicionais, o que era esperado para um time formado por 37 ministérios. É bom lembrar que o governo de seu antecessor, Jair Bolsonaro, também demorou a deslanchar porque ficou preso as slogan da “nova política”, até perceber que permaneceria nas imediações do porto. A questão é que o ex-presidente era marinheiro de primeira viagem, Lula, não, e sabe exatamente o custo da governabilidade, razão pela qual fez deixou o seu time com um tamanho colossal. Pois então, o que está dando errado? Há duas semanas, tentou mexer no marco de zoneamento e os deputados deram de ombros. Em seguida, não emplacou como gostaria a PL das Fake News, para muitos da Censura, hoje respirando por aparelhos. E agora, os parlamentares estão fazendo o querem com a MP que reestruturou as atividades de seus ministros. Na prática, órgãos e agências governamentais estão literalmente saindo pelo ladrão, sem qualquer trocadilho. Entre os mais afetados, do ponto de vista midiático, estão povos originários e meio ambiente, mas isso é somente a ponta do iceberg. Pois o que os parlamentares querem, a revelia do presidente, é a montagem de uma estrutura paralela de poder, para nela incluírem seus representantes. A vitória preliminar do arcabouço fiscal não foi do governo, mas do ambicioso presidente Arthur Lira, perito em oferecer sinais e reforçar o quanto comanda a Câmara Federal. Lula, mesmo sabendo de como funcionam estas estruturas, dedicou praticamente metade de seu primeiro quadriênio à agenda internacional, e a conta deste decisão chegou rapidamente. Não devemos torcer, jamais, para que um governo erre, como fanáticos em uma arquibancada de futebol, mas a permanecer esta situação instável, agora com o ruído de três CPIs simultâneas, segurar as rédeas tornou-se urgente. Se o presidente tem pressa em tudo o que faz, deve usar este empenho para readquirir a governabilidade da nação, do contrário essa conta só aumentará, como a sua impopularidade.