Espanha: o dever de agir
Parece que, finalmente, as deploráveis manifestações racistas no futebol espanhol ganharam não apenas repercussão global, como as atenções da pátria do jogador ofendido. Autoridades brasileiras, publicamente, cobraram ações imediatas de seus correspondentes europeus para identificação e responsabilização dos culpados, algo que temos que aguardar o esperado resultado. Mas a questão está longe de acabar, porque existem outras conotações sensíveis. Inicialmente porque não é a primeira vez que o atacante do Real Madrid, Vinícius Júnior, é vítima de preconceito racial. No extremismo das provocações, um boneco com a sua representação foi pendurado na pilastra de uma ponte. Um absurdo. O problema é que agora, devido à passividade dos responsáveis pelo campeonato espanhol, a La Liga, ocorreu uma espécie de efeito bumerangue. Os cartolas vêm sendo classificados de coniventes nesta situação absurda, que atinge, também, os patrocinadores da competição. Empresas como o banco Santander, o maior investidor da competição, estão sendo cobradas por milhares de internautas que exigem posicionamento das companhias. Que, é claro, não ficarão satisfeitos apenas como notas de repúdio, como é de praxe acontecer. O ponto central é que a La Liga não tem agido com rigor, como deveria, para punir clubes e torcedores que promovem estes atos. Até internamente. Descobre-se agora que árbitros que manipularam as imagens do conhecido VAR, só analisaram os revides de Vini Jr. a um adversário, na partida entre Real e Valência, deixando de checar a agressão que o jogador sofreu antes do ocorrido. Somente Vini Jr. foi expulso. Ou seja, os juízes também eram racistas. Está tudo errado e o governo espanhol deveria se mostrar mais preocupado com a sua imagem internacional. O campeonato pode ser administrado por órgãos privados, mas expõe um lado que, se não combatido, tende a generalizar o comportamento de uma nação, o que não queremos acreditar que exista nas proporções que se apresenta.