Em busca de um líder

Em busca de um líder

Ponto Um

 

Meu interesse neste comentário não é político, vou avisando, até porque tenho a semana inteira para escrever sobre isso no Farol. Mas alguns fatos merecem ser mais esmiuçados em relação à manifestação de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, e agora perscruto o lado emocional. Muito se fala hoje em dia em lideranças corporativas, como alcançá-las e outras bobagens. Reconheço, em parte, que pessoas podem ser treinadas, mas liderança, arrisco minhas fichas nisso, é “nata”. Nos esportes coletivos há sempre alguém que fala mais do que os outros; nas rodinhas de amigos, idem, e por que? Há pessoas que projetam melhor suas ideias, são mais articuladas e quem frequenta missas ou cultos, também deve ter se deparado com padres, ministros ou pastores mais carismáticos, vamos dizer assim. Aqueles que, quando falam, despertam mais interesse dos presentes, e isso não significa que tenham mais conhecimento. Até podem ter, mas os utilizam de maneira mais eficiente. Muita gente na Avenida Paulista, e agora me amparo nas imagens revistas ao longo da semana, estava de certo modo com saudades do ex-presidente. Saudades de sua liderança, do seu modo de ser e de sua maneira de convencer. Vi imagens de gente emocionada como se estivessem atingido o nirvana, se budistas fossem, declarando um estado emocional de êxtase em gestos e lágrimas. Isso, repito, não se trata de conceituação política, porque o atual presidente Lula, em igual medida, possui apoiadores entusiasmados. O negócio que ele se preocupa com os “pobres e trabalhadores” pegou de tal maneira que ninguém mais, neste país, se atreveu a rivalizar nesta área. Há pessoas que também choram pelo Lula, que acreditam que ele foi absolvido e não descoordenado, e não são apenas os mais humildes, com menos estudo. Há uma classe intelectual e artística que também o apoia, neste ponto, com a vantagem de fazer de conta e não fazer nada, não colocando a mão na massa. Portanto, do ponto de vista humanístico, as pessoas em regra gostam de ser lideradas, talvez desde quando Moisés conduziu seu povo pelo deserto. O reencontro com Bolsonaro, portanto, trouxe a nostalgia de uma esperança até aquele momento contaminada por várias dúvidas. As razões que levam alguém a escolher um clube de futebol são variadas, e assim nascem as nossas escolhas. Não se trata de enxergar melhor, talvez, mas aquele que mais nos inspire e divida sentimentos ou objetivos comuns. É isso aí.

Roberto Lucato

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