Em busca de holofotes

Em busca de holofotes

EDITORIAL

Por que o ser humano sorri, enquanto animais, em regra, não? Talvez a explicação mais simples e direta esteja relacionada à sensação de felicidade. Outras pessoas relacionariam o sorriso à reação imediata sobre algo engraçado e as demais explicariam que sorrir é demonstrar o quanto uma pessoa vai – e gasta – no dentista. A classe política, porém, pertence a um segmento especial, e com raríssimas e respeitadas exceções, sorrir significa oferecer um ar de realização, de preenchimento interior por algo que se fez ou que se pretende fazer. Um político-sorriso pode também querer transmitir confiança, mas… Seu sorriso pode externar uma prepotência extrema, arrogância exagerada, superioridade ou deboche, talvez todas as explicações juntas. Porque é humanamente impossível a um gestor público gabar-se por feitos inacabados, alguns dispensáveis, ou acreditar que seu trabalho merece passar de ano. Nessa frequência circulou em boa parte da cidade, na semana passada, um jornalzinho partidário – PSD – que mais se assemelhava a um panfleto publicitário de alguma clínica de estética bucal. Ele retratou uma cidade perfeita, com fotografias de pessoas alegres e saltitantes, textos curtos e indisfarçavelmente tendentes a elogiar a administração em curso. É difícil acreditar que o partido que patrocinou a publicação tenha feito tudo aquilo que mostrou, mas vamos lá. A partir desta sexta-feira, candidatos à reeleição não poderão mais participar de atos públicos como lançamentos de obras e inaugurações, o que não atingirá o atual alcaide. Portanto, supõe-se que, livre deste impedimento, ele seguirá cumprindo sua própria agenda, pensando em como se apresentará daqui a dois anos. Sua candidata, assim, seguirá em paralelo, torcendo para seja citada nos permitidos discursos e dentro da legislação eleitoral. E “torcendo” porque, em tese, ela estará distante desses compromissos. Aliás, ela também aparece sorridente no material publicitário, mesmo pertencendo a outro partido. Curioso. Mas, justiça seja feita: ela aprendeu rápido a falar pouco e sorrir muito. Trata-se de uma ótima pessoa, mais ainda falta se impor como deveria – poderia, jamais.

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