Em busca da titularidade

Em busca da titularidade

NA GRANDE ÁREA

O APELIDO “Galinho de Quintino” se autoexplica. Zico, quando jovem, era muito franzino, até que sua musculatura foi melhorada com o uso de um equipamento chamado, na época, de “gladiador”. Tive o privilégio de ver esse aparelho na Gávea, quando consegui acompanhar um treinamento entre os juvenis do Flamengo.

NÃO SÓ o equipamento como o próprio Zico, após o treino dos profissionais. Quem fez essa ponte foi o ararense Nelson Quintiliano, que estreou entre os titulares do Mengão em 1977, como quarto-zagueiro; esse episódio ocorreu em 1979. O “gladiador” é um equipamento relativamente comum hoje em dia, e não recebe mais esse nome.

É UM APARELHO multifuncional, no qual o atleta treina membros superiores e inferiores, peito e costas. Na época isso era um avanço e tanto. Zico, com o uso dessa geringonça, ganhou musculatura suplementar, mas não se transformou em lutador de MMA.

POUCOS ANOS depois, em função desse “sucesso”, fisiologistas e preparadores físicos fizeram o mesmo com os jogadores mais franzinos, abrindo um debate que até hoje está inacabado. A pergunta era essa: jogadores velozes, com mais massa muscular, não perdem um pouco de suas agilidades?

ROBINHO, pouco tempos depois de jogar na Europa, nitidamente não demonstrava a mesma estrutura muscular comparada quando surgiu no Santos. O próprio Ronaldinho Gaúcho também ficou mais fortinho depois de suportar cargas mais fortes, jogando no Barcelona, e então surgiu uma constatação: a musculatura não atrapalha o desempenho – agilidade talvez –de um craque.

VAMOS AO fato, agora, com a permissão do amigo José Antonio Encinas. Há uma discussão em curso sobre a insistência de Dorival Júnior em deixar Endrick no banco de reservas. Afinal, ele faz jus à sonhada titularidade?

CLARO QUE, como torcedores, os palmeirenses acompanharam mais de perto a carreira deste jovem. E assim podem opinar com mais propriedade, no entanto me atrevo a fazer algumas considerações. Por mais que seja um bom jogador, e pelo fato de ter carregado o Verdão principalmente na arrancada do título no ano passado, ele me passa a impressão que quer resolver o jogo sozinho.

BEM-DOTADO fisicamente, usa bem o seu corpo para proteger a bola, mas parece um robô em campo. É fominha na dose certa para um atacante, porém não o vejo jogando para o time, mas para si mesmo. Por enquanto concordo com Dorival: ele precisa mais rodagem para ser titular. Ao contrário de Luiz Henrique, que desponta como solução para o nosso ataque. Porém, ainda como opção para o segundo tempo.

GOSTO de canhotos que jogam pela direita, porque confundem seus marcadores na hora do corte; eles o fazem para dentro. E, por falar da seleção, a goleada contra o Peru teve seu lado bom, além da vitória em si. Vanderson, no lugar de Danilo, não jogou um bolão, mas foi melhor que o nosso antigo capitão. Igor Jesus, da mesma forma, surpreendeu positivamente. Savinho também merece um registro positivo e ficou claro que a atual fase vivida pelo Gerson o credencia para a titularidade absoluta.

TEMOS QUE compreender que ainda levará algum tempo para Dorival Júnior encontrar seu “onze” ideal por suas características pessoais, não técnicas. Ele escala segundo uma espécie de hierarquia, respeitando excessivamente o histórico de cada atleta. E respondam: como jogará a seleção daqui para a frente, propondo o jogo? Tocando para o lado até encontrar espaços? Ou esperar o adversário para tentar os contra-ataques? Ninguém sabe, nem o próprio Dorival.

NA SEMANA passada escrevemos sobre o efeito Felipe Luiz no Flamengo e não deu outra. A derrota frente o Fluminense deixou claro que o clube da Gávea seguirá oscilando e agora, fora da disputa direta pelo título do Brasileirão, só restará permanecer na Copa do Brasil até a final.

VALE LEMBRAR que as eleições do Flamengo acontecem logo em seguida e para Rodolfo Landim, um título pode facilitar sua permanência no clube. Por isso o rubro-negro fará o seu “jogo da vida” contra o Corinthians; isso é bom ou ruim?

PARA O TIMÃO, uma boa notícia. Porque, de acordo com a orientações de vestiário e o comportamento dos jogadores diante da Fiel, jogar sabendo do desespero do adversário contribui. Como “desespero” se o placar está 1 a 0 no placar agregado? Pelas razões expostas.

O CORINTHIAS tem apresentado consistência ofensiva em suas últimas apresentações devido a demonstração de um repertório variado no ataque. Os gols têm saído de chutes de fora da área, escanteios, faltas e contra-ataques. O Flamengo possui um sistema ofensivo nota 6, vale lembrar.

O PROBLEMA será o “timing”. Buscar a vitória logo nos primeiros minutos pode ser essencial para jogar a responsabilidade do outro lado do campo, e isso nós todos sabemos. De qualquer forma, que isso sirva de consolo aos corintianos, como eu, desde já: o Timão chegou longe demais na Copa do Basil e ainda tem a Sul Americana. Se perder, não perdeu tudo.

CONCORDA? O Tribunal de Justiça de São Paulo deve encaminhar para análise na CBF, proposta de ampliar a torcida única, que é aplicada em clássicos paulistas, para outros jogos realizados no país. Clássicos interestaduais também seriam disputados apenas a presença de torcedores do time mandante. Qual a sua opinião?

MENINO NEY… Ao aparecer em quadra para cumprimentar Carlos Alcaraz e Rafael Nadal, na Arábia Saudita, Neymar foi vaiado por alguns dos 8 mil presentes nas arquibancadas e chegou a ouvir até gritos de “Ronaldo, Ronaldo”, que faziam alusão ao astro do Al-Nassr. Ele segue treinando no Ah-Hilal, mas será que quer voltar, mesmo?

ÓTIMO final de semana, amigos!

Roberto Lucato

Foto: Montagem Savinho e Endrick – Rafael Ribeiro –  CBF

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