Eficácia e eficiência
NA GRANDE ÁREA
FELIZ pela conclusão de um curso sobre administração, um médico, meu companheiro de Rotary Club, passou a propor enigmas nos bate-papos que antecediam os jantares. Um deles, me lembro muito bem, tratava de semelhanças e diferenças entre eficiência e eficácia.
ACREDITO que isso possa se aplicar no futebol. Se pensarmos no desempenho da seleção brasileira, a formação de 1982 foi eficiente; porém, o time de 1994 foi eficaz. Em relação aos atacantes, inúmeros representantes da camisa 9 foram apenas eficazes. Romário, por exemplo, nunca foi um “rompedor” por excelência. Entretanto, seu posicionamento na área sempre foi perfeito. Era eficaz, sempre.
RONALDO Fenômeno, diferentemente, nunca jogou “parado”, esperando uma bola. Quando ela não chegava, ele se aproximava dos companheiros para receber o passe e partia em arrancada, uma de suas características marcantes.
VINI JÚNIOR, na seleção, não é nem uma coisa, nem outra. Dono se um repertório modesto, ele tenta dribles manjados que são facilmente destruídos; fominha ao extremo, ele também demora para servir um companheiro.
E NESTE domingo, o Flamengo se prepara para a despedida de um autêntico atacante eficaz: Gabriel Barbosa. Contra o Vitória, no Maracanã, o clube da Gávea preparou uma série de “ações” para relembrar os maiores feitos deste jogador, inegavelmente um grande vencedor. Por isso mesmo, um xodó da torcida, mas colocá-lo como segundo maior ídolo do clube, atrás apenas do Zico, acho um exagero.
ABEL FERREIRA, nesta temporada, foi eficiente mais uma vez, porém sua equipe não foi eficaz. Quando poderia chegar mais adiante na Libertadores, não conseguiu superar o Botafogo, o mesmo se aplicando no placar agregado contra o Flamengo, interrompendo sua permanência na Copa do Brasil.
QUANTO à improvável conquista do Brasileirão, o português fez papel de criança mimada insinuando que o São Paulo entregaria o jogo. Na verdade, o título poderia ser decido no Allianz, quando sua equipe não viu a cor da bola contra o Fogão. E, pensado bem, o campeonato já deveria ter acabado, não fosse a magistral cobrança de falta de Estevão. O Palmeiras jogou melhor que o Cruzeiro, mas, de novo, faltou eficácia ofensiva.
ACOMPENHEI a decisão da Libertadores correndo pela Avenida Paraná, em Foz do Iguaçu. Desta vez, com a narração de Nilson Cesar e comentários de Vampeta. Como todos imaginaram, a expulsão de Gregori logo no primeiro minuto favoreceria o Galo Mineiro, mas outro fator falou mais alto.
DESDE as duas derrotas para o Flamengo e consequentemente a perda da Copa do Brasil, ficou claro que o Atlético era um time em franca decadência. Porque, em regra, não conseguiu entregar outro repertório que não fosse o chuveirinho e chutes de Hulk de fora da área. Contra o Botafogo, Gabriel Milito demorou para reposicionar seu time, com um jogador a mais.
E MAIS. Ao sofrer o gol, o Galo não mudou em nada sua maneira de jogar. Repetindo o que não fez contra o Flamengo, foi um time apático. Milito, não há dúvida, perdeu o vestiário. A sorte é que enfrentará o Athético/PR em casa, precisando apenas de um empate para não cair.
EXISTEM outros méritos para o Botafogo, virtual campeão brasileiro. Primeiro, soube superar o desastre do ano passado com investimentos certeiros. Depois, fez um Brasileirão absolutamente regular “pra mais”, embora tivesse perdido pontos importantes nas últimas semanas com uma série de empates. O título será totalmente merecido, lembrando que o São Paulo não tem culpa de nada, e nem escalará o Grafite.
OUTRO QUE deve escapar, neste domingo, 8, é o Bragantino, que recebe o Criciúma já rebaixado. A aposta no Pedro Caixinha foi longe demais e o preço é esse: risco até o fim.
O CORINTHIANS se despede desta curiosa temporada enfrentando o Grêmio em Porto Alegre. Para o Tricolor Gaúcho, a partida vale vaga na Sul-Americana, e para o Timão, apenas a comemoração de um final feliz. Honestamente fiquei surpreso que meu amigo Paulão, da Casa de Carnes Brasil, disse que nunca acreditou na queda do Timão. Vai ter fé assim lá longe, hein, amigo!
ÓTIMO final de semana, amigos!
Roberto Lucato
Ilustração – Foto: Rafael Ribeiro – CBF