EDITORIAL
EDITORIAL
O partido do presidente Lula, o PT, é uma das poucas agremiações que desde a sua fundação desenvolve sua própria filosofia política. Há méritos nisso, porque do debate interno nasce uma posição majoritária, que referenda uma linha a seguir. Mas no caso do PT há um problema adicional neste aspecto, evidenciado com a terceira passagem de Lula na presidência: o predomínio do sectarismo. Ou seja, alguns pensamentos parecem não evoluir com o passar do tempo, como se a sociedade permanecesse imóvel em suas aspirações e modos de enxergar a própria política. Igualmente, como se os modelos do passado tenham, hoje em dia, a mesma eficiência que um dia demonstraram. Entre a filosofia petista se inclui o “estado grande”, o que obriga sua militância a ser contraria às privatizações. Um passado recente demonstrou que, na prática, o “estado grande” não é tão filosófico assim. É feito para que nele caibam milhares de representantes de suas bases de apoio, o que significa oferecer, a este mesmo “estado”, quadros não necessariamente competentes. Este assunto é gigantesco, repleto de justificativas favoráveis e desfavoráveis, mas o fato é que, transferidas para a iniciativa privada, muitas estatais se desenvolveram de maneira colossal, e exemplos não faltam. Porque o “estado”, em regra, é péssimo em quase tudo o que faz, ou porque falta pessoal, ou porque a cobrança de um serviço mais eficiente entre pessoas com estabilidade funcional é mais difícil. Há também, problemas estruturais, pois nunca há verba para reformas e manutenções, mas uma das raras exceções do governo paulista merece melhor atenção: o Poupa Tempo. Sinônimo de ótimo atendimento e atalho para entraves burocráticos, me surpreendi ao revê-lo durante a semana. Negativamente. Assunto para o próximo comentário.