Ditador precoce
Continua a repercussão extremamente negativa referente ao pomposo aumento do subsídio dos vereadores de Limeira, aprovado recentemente. Afinal, não é sempre que um agente político desfruta de mais de 80% em seu contracheque, porque, servidores concursados e comissionados, não tiveram a mesma sorte. Há um esforço enorme, por parte dos apoiadores de sempre, em esclarecer o único ponto “justificável” para tamanho apetite: isso só ocorrerá em 2025. Ou seja, os vereadores não teriam legislado em causa própria, o que não passa de uma meia verdade, se considerarmos que muitos deles, dentro de bases eleitorais consolidadas, terão garantido o acesso a quase 15 mil Reais por mês em menos de dois anos. Esses dias mesmo, uma vereadora defendeu o reajuste, classificando de hipocrisia aqueles que votaram contrariamente sabendo que o placar estava decidido. Neste ponto ela teve razão, não tanto quando argumentou que um vereador possui muitas despesas, entre as quais cursos de atualização. Mas, no centro da questão está a atuação “camaleônica” do presidente da casa Everton Ferreira, recentemente desfrutando dos benefícios do poder. Frio e defendendo posturas técnicas, nem sempre adequáveis à política, Everton parece conduzir a casa, precocemente, com mãos de ferro. De maneira nada empática, como aliás faz parte de seu perfil. A impressão é que ele tanto desejou esta função – ou essa lhe foi imposta como tarefa – que não teve a menor vontade de se preparar para convencer, e não para determinar, postura desejável de um presidente. E pior, em sua colcha de retalhos em busca da presidência, colocou em seu barco personagens que podem deixar a suposta adesão caso desassistidos, o que é claro que ele fará em qualquer momento, do jeito que se comporta. Egoísmo é uma característica que costuma ter um preço fixo na política, que é o isolamento. Triste destino, por enquanto, dos vereadores que talvez procurassem um líder, não um carrasco. Um aumento desta natureza não mereceu, por parte de Everton, as devidas vênias públicas, exceto àqueles que gostam de ouvi-lo por razões há tempos conhecidas.