Desarticulação política!
Que o deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, está chantageando o governo, todos estão percebendo. Desde o mais ferrenho petista ao mais ferrenho bolsonarista e adjacências políticas. Ele fez isso com o próprio Bolsonaro, mas remava no mesmo barco ideológico. Agora nem esconde mais.
O problema, entretanto, não é Lira. É um político de bolso, comprável, desde que paguem seu preço. A grande questão é o fogo amigo que o qual governo federal vem se queimando, aceso na sua base e cada vez mais atiçado por essa própria base. E nisso o próprio Lira não está errado. Falta articulação.
E essa falta de articulação está justamente no viés ideológico dessa articulação. Assim como Jair, o ex-presidente, teve na sua base ideológica o grande catalisador das opiniões que o tiraram do poder. Bolsonaro perdeu a eleição por que não tinha, em primeiro lugar, competência nenhuma para o cargo, e, em segundo, por causa de seus articuladores.
Enquanto Haddad, o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, que é chamado de “poste” pelos seus desafetos e desconhecedores da política bem articulada, ele próprio foi o articulador do arcabouço fiscal junto ao Congresso e conseguiu uma vitória bem mais folgada. E sem percalços ou sustos. Ele não dependeu, felizmente para ele, da articulação do próprio governo que representa e do seu partido.
É o que Lira, o chantageador, está mostrando a Lula. A articulação política do governo federal está muito ruim. Ideologicamente péssima e praticamente nula.
Se quiser ter uma base sólida e confiável, terá, necessariamente, que mudar essa articulação. Já está mais comprovada essa incompetência, tanto de Alexandre Padilha quanto de Rui Costa, ministros das Relações Institucionais e da Casa Civil, respectivamente.
Apesar da aprovação da Medida Provisória da Esplanada – a reestruturação dos Ministérios – ter sido aprovada, o recado foi dado. E muito bem dado.